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São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2003

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Ação no interior será apurada

ADRIANA MATIUZO
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

O promotor de Justiça da Infância e Juventude de Ribeirão Preto, Marcelo Pedroso Goulart, disse ontem que vai abrir inquérito para investigar uma denúncia de agressão da Polícia Militar contra internos da UI (Unidade de Internação) Ribeirão Preto da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), que abriga reincidentes. A agressão teria ocorrido em ação para controlar uma tentativa de fuga na semana passada.
Ele também quer investigar a adoção de normas que ferem o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). A Folha acompanhou o promotor durante visita feita ontem pela manhã a dois dos quatro pavilhões da unidade.
Nas duas últimas semanas, o clima tem estado tenso no local devido à adoção de medidas mais rigorosas no trato com os internos, como uso obrigatório de uniforme, corte de uma das duas visitas semanais e limite de acesso à TV.
No último dia 6, quatro internos renderam um funcionário e fugiram. Uma semana antes, adolescentes subiram no forro e tentaram fugir, mas o plano foi frustrado pelos funcionários e pela tropa de choque da PM. No dia 26 de julho, 19 adolescentes fugiram.
Os adolescentes disseram à Folha que a PM usou balas de borracha e cassetetes durante a ação no dia 30. Mesmo os que não haviam participado da tentativa de fuga teriam sido alvo de socos e chutes.
"A tropa de choque entrou quebrando todo mundo. Tinha gente que estava dormindo e não tinha nada a ver com o tumulto", disse um interno. Os adolescentes afirmaram que as fugas ocorreram em represália ao fato de o juiz da Infância e Juventude, Guaci Sibille Leite, não ter cumprido promessa de soltar alguns deles em julho.
Internos do pavilhão sete, considerados "de difícil relacionamento", disseram que um deles está na unidade há um ano e sete meses e ainda não fez nenhuma atividade. Eles dizem que passam o dia dentro das "minicelas".
Os menores afirmaram que a ex-diretora interina Eleonora Perez Guimarães deixou o cargo por não querer autorizar a entrada da tropa de choque da PM.
O diretor regional da Febem, Washington Bessa Barbosa Júnior, disse que não houve agressões, mas enfrentamento dos garotos maiores com os policiais. A PM negou que tenha havido confronto. Júnior negou ainda que a ex-diretora tivesse deixado o cargo por divergir da ação da PM.
O juiz Guaci Sibille Leite não quis falar sobre o caso.


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