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Ação no interior será apurada
ADRIANA MATIUZO
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
O promotor de Justiça da Infância e Juventude de Ribeirão Preto,
Marcelo Pedroso Goulart, disse
ontem que vai abrir inquérito para investigar uma denúncia de
agressão da Polícia Militar contra
internos da UI (Unidade de Internação) Ribeirão Preto da Febem
(Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), que abriga reincidentes. A agressão teria ocorrido
em ação para controlar uma tentativa de fuga na semana passada.
Ele também quer investigar a
adoção de normas que ferem o
ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente). A Folha acompanhou o promotor durante visita
feita ontem pela manhã a dois dos
quatro pavilhões da unidade.
Nas duas últimas semanas, o clima tem estado tenso no local devido à adoção de medidas mais rigorosas no trato com os internos,
como uso obrigatório de uniforme, corte de uma das duas visitas
semanais e limite de acesso à TV.
No último dia 6, quatro internos
renderam um funcionário e fugiram. Uma semana antes, adolescentes subiram no forro e tentaram fugir, mas o plano foi frustrado pelos funcionários e pela tropa
de choque da PM. No dia 26 de julho, 19 adolescentes fugiram.
Os adolescentes disseram à Folha que a PM usou balas de borracha e cassetetes durante a ação no
dia 30. Mesmo os que não haviam
participado da tentativa de fuga
teriam sido alvo de socos e chutes.
"A tropa de choque entrou quebrando todo mundo. Tinha gente
que estava dormindo e não tinha
nada a ver com o tumulto", disse
um interno. Os adolescentes afirmaram que as fugas ocorreram
em represália ao fato de o juiz da
Infância e Juventude, Guaci Sibille
Leite, não ter cumprido promessa
de soltar alguns deles em julho.
Internos do pavilhão sete, considerados "de difícil relacionamento", disseram que um deles
está na unidade há um ano e sete
meses e ainda não fez nenhuma
atividade. Eles dizem que passam
o dia dentro das "minicelas".
Os menores afirmaram que a
ex-diretora interina Eleonora Perez Guimarães deixou o cargo por
não querer autorizar a entrada da
tropa de choque da PM.
O diretor regional da Febem,
Washington Bessa Barbosa Júnior, disse que não houve agressões, mas enfrentamento dos garotos maiores com os policiais. A
PM negou que tenha havido confronto. Júnior negou ainda que a
ex-diretora tivesse deixado o cargo por divergir da ação da PM.
O juiz Guaci Sibille Leite não
quis falar sobre o caso.
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