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São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2003

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HABITAÇÃO

Após decisão da Justiça, grupo teve de deixar local onde está o paço municipal e seguiu para outra praça de São Bernardo

No ABC, sem-teto são despejados pela 2ª vez

DA REPORTAGEM LOCAL

Pela segunda vez em dois dias, integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) foram despejados. Na noite de anteontem, depois de deixarem o terreno da Volkswagen, no bairro Ferrazópolis, em São Bernardo do Campo, eles acamparam no paço municipal, no centro da cidade.
Uma comissão de coordenadores do MTST foi recebida pelo secretário de Habitação do município, Osmar Mendonça, mas a reunião acabou em troca de insultos. Sem resposta positiva para as reivindicações, cerca de 150 sem-teto resolveram permanecer na praça Samuel Sabatini, onde está localizado o paço municipal. À tarde, havia no local cerca de 400 pessoas, segundo a guarda civil.
Às 17h10, um oficial de Justiça, acompanhado do major José Quesada Farina, procurou os líderes do MTST para informá-los de que os acampados deveriam deixar o local. A prefeitura entrou com pedido de reintegração de posse da praça pública.
A liminar foi concedida pelo juiz Celso Alves Rezende, da 2ª Vara Cível de São Bernardo do Campo. Segundo a prefeitura, os sem-teto terão de responder judicialmente por dano ao patrimônio e por incitação ao crime.
No final da tarde, os sem-teto começaram a recolher seus pertences -colchões, lonas pretas e alguns utensílios domésticos- e se dirigiram para a praça da Matriz, famosa por ter abrigado manifestações de sindicalistas quando o presidente Lula era líder dos metalúrgicos. Eles iriam dormir no local, que estava sendo vigiado pela PM e pela guarda civil.

Apuração
A Polícia Militar abriu ontem inquérito administrativo para apurar a agressão praticada por policiais anteontem na via Anchieta. Na ação, sem-teto foram obrigados a descer dos caminhões que transportavam seus pertences e foram agredidos com cassetetes e bombas de efeito moral. Quatro pessoas apresentaram queixa à Corregedoria da PM.
O presidente da Câmara Municipal de São Bernardo do Campo, Laurentino Hilário (PSDB), baixou ato administrativo proibindo a entrada de pessoas exceto funcionários e vereadores na Câmara. A medida foi adotada a partir das 13h de ontem.
Hilário justificou a ação afirmando que havia ameaça de bomba. O funcionário Abílio Alcântara Miranda havia registrado um boletim de ocorrência no qual afirmou que às 7h45 recebera um telefonema no qual uma voz feminina dizia que, "se o prefeito não receber representantes do MTST, irão jogar uma bomba no prédio da prefeitura após as 17h".


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