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NO "CINGAPURA"
"À noite, é tiro, briga e gritaria", diz morador
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
"De dia, é tudo uma tranqüilidade, até parece um cemitério. De
noite, é tiro pra todo lado, gritaria
e briga aqui na frente. Não dá nem
pra abrir a porta. Na semana passada, encontrei uma cápsula de
bala no quintal", afirma Francisco
Ferreira da Silva, 77, morador da
Vila Dignidade, conjunto habitacional de seis casas para a terceira
idade, ao lado do projeto Cingapura da Água Branca (zona oeste), entregues pelo então prefeito
Celso Pitta, em abril de 1997.
Sete anos depois da inauguração, as casas estão bem conservadas e ocupadas por idosos. Mas a
visita semanal de um médico, a
distribuição de cesta básica e a segurança prometidas pela prefeitura nunca apareceram.
Só um detalhe diferencia as unidades de outras construções: uma
lâmpada de alarme, do lado de fora de cada casa, para ser acionada
em caso de problemas. O botão fica no quarto, mas não teve utilidade até hoje. "Ele já foi acionado
três ou quatro vezes, mas sempre
sem querer", relata Silva, que vive
com a mulher, Maria de Lourdes
da Silva, 76, e se considera "a autoridade do pedaço".
"O seu Francisco é quem manda
aqui. Não adianta reclamar. Sou
eu que resolvo tudo. Sou bastante
rigoroso. Quando eu sair, essa
área aqui vai virar uma bagunça",
afirma, depois de dar uma bronca
no aposentado Benedito Lambert
Brito, 73, que atendia a reportagem sem chamá-lo para falar.
Os dois são moradores originais
da Vila Dignidade, assim como
uma senhora conhecida por "dona Maria". Os demais substituíram um senhor que, contam,
"morreu de velhice", uma mulher
que foi morar com os filhos e um
idoso "expulso" após bater nela.
Eles dizem que a prefeitura demorou dois anos para indicar um
novo morador para uma dessas
casas, que virou alvo de moradores do Cingapura. Mesmo com a
vila cercada por grades e com portões trancados com cadeados, Silva e Brito afirmam que houve tentativa de invasão.
A preocupação é com a "barulheira" e a "bagunça" durante a
madrugada. "O que eu vou fazer?
Eles ficam na rua, a rua não é minha, eu não posso mandar neles.
Tenho que deitar e tentar dormir", afirma Brito, que, como os
demais, não paga pela moradia.
A gestão Marta Suplicy tem um
projeto de habitação popular para
a terceira idade, a Vila dos Idosos.
O condomínio de 145 apartamentos no Pari, centro, deve ser construído a partir deste ano e ter elevadores e banheiros largos.
Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI, da Reportagem Local
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