São Paulo, domingo, 9 de agosto de 1998

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Empresário de Recife
é acusado por 78 mulheres

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

O empresário Eduardo Luís Carneiro Ximenes, 45, condenado em Pernambuco a cerca de 40 anos de prisão por crimes sexuais, continua foragido, seis anos após a Justiça ter proferido a primeira sentença contra ele no Estado.
Ximenes, que teria fugido para os EUA e depois para Portugal, foi apontado como autor de estupros e atentado violento ao pudor por 78 mulheres. Quinze delas deram queixa na polícia, o que resultou na abertura de 13 processos.
Por não atender às convocações da Justiça, o empresário foi condenado à revelia em sete ações. As penas variaram de 3 a 13 anos de detenção. Quatro processos foram arquivados e dois aguardam julgamento.
O "caso Ximenes", como ficou conhecido, teve grande repercussão na época por envolver um comerciante de médio porte, com nível superior, e mulheres jovens de classe média. Na época, o empresário, que pesava cerca de 150 kg, era casado e proprietário de um depósito de bebidas e de duas lojas no Shopping Center Recife, o maior da cidade.
Segundo as vítimas, Ximenes cometia os crimes dentro de seu carro, em ruas desertas de Boa Viagem, bairro nobre de Recife. Ele usava óculos escuros e boné. As mulheres eram abordadas na rua e obrigadas a acompanhar o empresário, sob a mira de um revólver.
O empresário teria começado a agir com maior frequência a partir de 1989, mas o caso só veio à tona em 1990, após denúncia feita por uma de suas vítimas. Ele foi preso, mas acabou sendo libertado horas depois, com um habeas corpus.
Segundo o advogado de Ximenes, Bráulio Lacerda, seu cliente fugiu porque soube que sua prisão preventiva seria decretada. "Ele tinha medo de ser assassinado no presídio."
Lacerda afirma não ter "a menor dúvida" de que o empresário é inocente. "Houve uma histeria coletiva. Movimentos feministas se uniram para transformá-lo no símbolo do homem violento."



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