São Paulo, domingo, 9 de agosto de 1998

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Maioria conhece o agressor

da Reportagem Local

Apesar de causar pânico, os estupradores desconhecidos das vítimas representam o menor grupo no total de abusos. Segundo pesquisa feita nos processos judiciais publicada no livro "Estupro: Crime ou "Cortesia'?", 70% dos estupros foram praticados por pessoas que tinham ligação com a vítima. Desses, 26% eram amigos ou conhecidos e 16%, pais.
O levantamento do Centro de Referência da Saúde da Mulher mostra dados semelhantes.
No caso das crianças, 75% dos agressores são conhecidos, e 50%, membros da família -na ordem, pai, avô, padrasto e tio. Para as adolescentes, esse percentual é de 33% e, para as adultas, 14%.
A pesquisa mostra ainda que a maioria dos estupros de crianças ocorre na casa da vítima (58%) ou na do agressor (25%). Nas adolescentes, as agressões ocorrem próximo à residência (29%) ou no caminho da escola (22%). Nas adultas, 34% ocorrem perto de casa e 22%, na ida ao trabalho.
Os casos de abuso sexual em família são mais difíceis de ser denunciados, segundo explica a delegada da mulher, Márcia Salgado. Um desses casos, segundo Márcia, deixou-a com uma grande "sensação de impotência".
Uma menina de 16 anos denunciou o pai por manter relações sexuais com ela desde que tinha 8. "Ela veio aqui com a mãe, que era separada do marido. A menina morava com o pai e fugiu. O pai passou a fazer ameaças."
Márcia diz que pediu a prisão preventiva do pai e aconselhou a mãe e a menina a ficarem em um abrigo. "Elas ficaram lá alguns dias, mas era época de Natal, e a mãe me ligou dizendo que não aguentava mais ficar longe de casa. Voltou. No mesmo dia, o ex-marido apareceu e matou a menina. Foi horrível. Ela era uma menina tão dócil." (LM)


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