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O PERIGO MORA AO LADO 3
Contaminação pode ser evitada se a vítima procurar auxílio médico e tomar coquetel de drogas
Risco de Aids é 20 vezes
maior em estupro
da Reportagem Local
O risco de uma mulher ser contaminada com o vírus da Aids
após um estupro é até 20 vezes
maior do que o que ela corre
quando mantém uma relação sexual única não-violenta.
Esse é o resultado de uma pesquisa realizada pelo Centro de Referência da Saúde da Mulher. No
universo de cerca de 400 mulheres
atendidas, 1,6% delas foi contaminada. Em uma relação única sem
violência, essa taxa é de 0,08%.
Essa contaminação pode ser evitada pela mulher que foi estuprada
se ela procurar um serviço de saúde nas primeiras 48 horas após o
estupro. Pesquisas mostram que o
uso do coquetel de drogas anti-Aids pode evitar a transmissão
do vírus em até 80% dos casos.
Levantamento feito pelo Centro
de Referência da Saúde da Mulher
com 140 mulheres que tomaram
os remédios mostra que 70 continuaram negativas seis meses após
o estupro. As restantes também
continuam negativas, mas ainda
não completaram os seis meses
necessários para se ter segurança
sobre o resultado do teste.
O grande problema é que o coquetel de drogas deve ser tomado
por um mês e causa várias reações
desagradáveis -náuseas, enjôos
etc. Por causa desses efeitos, a taxa
de desistência é de 25%.
"Mesmo assim, elas costumam
insistir no uso porque sabem que
essas drogas -por pior que sejam
os efeitos colaterais- podem evitar a contaminação", diz o coordenador do serviço de abuso sexual do centro, Jefferson Drezett.
O método para evitar a contaminação é o mesmo usado pelos profissionais de saúde que, por acidente, entram em contato com o
HIV. "A tese que afirma que o uso
desses remédios nas vítimas pode
ser inútil é absurda porque o risco
delas é muito maior que, por
exemplo, o dos médicos, que é de
apenas 0,008%."
Além da Aids, quase todas as
doenças sexualmente transmissíveis (sífilis, gonorréia etc.) podem
ser evitadas se a mulher procura
um serviço médico com urgência.
Até a hepatite B pode ser evitada se
a vítima tomar uma dose de HIBG
(uma droga que custa R$ 700 a dose, mas está disponível no centro).
Por fim, a mulher deve procurar
atendimento para evitar uma gravidez. Tomada até 72 horas depois
do estupro, a pílula do dia seguinte garante uma taxa de quase 100%
de eficácia. No centro, 230 mulheres já usaram a pílula e não ficaram grávidas.
(LUCIA MARTINS)
O Centro de Referência da Saúde da Mulher fica
na avenida Brigadeiro Luís Antonio, 849, região
central de SP, tel. (011) 232-3433 ou 3105-5041
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