São Paulo, domingo, 9 de agosto de 1998

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SAÚDE
Infertilidade tem 40%
de causa masculina

JAIRO BOUER
especial para a Folha

Modernas técnicas de reprodução assistida prometem ajudar os homens com problemas de fertilidade a comemorar, em breve, o Dia dos Pais.
Especialistas avaliam que 40% dos casos de infertilidade são originados em problemas masculinos, outros 40% acontecem por problemas femininos e, cerca de 20% têm origem em dificuldades do casal.
O especialista em reprodução humana Edson Borges Júnior, da clínica Fertility, explica que é um equívoco acreditar que a dificuldade em gerar uma criança seja um problema exclusivo da mulher. Hoje, marido e mulher que chegam a uma clínica especializada são "investigados".
O casal que deve procurar ajuda é o que está tentando engravidar há mais de uma ano, com vida sexual regular (duas a três vezes por semana), e que não usa qualquer método anticoncepcional.
O homem passa por um exame cuidadoso, em que o médico procura alterações que possam interferir na sua fertilidade. Borges Júnior explica que em 50% dos casos não se encontram nenhum problema físico. O passo seguinte é a coleta de sêmen para contagem (espermograma) e provas de função dos espermatozóides.
Se essas provas revelarem alteração discreta, pode ser indicada o coito programado. A mulher é estimulada com hormônios para que alcance uma ovulação. No dia em que ela está ovulando, o médico indica que é hora da relação sexual. A taxa de sucesso é de cerca de 35% com três tentativas.
Quando os espermatozóides apresentam uma contagem um pouco mais baixa, os médicos optam por uma técnica de "preparo" do sêmen. O esperma é coletado e passa por um processo de lavagem. Os melhores espermatozóides são selecionados e colocados em um meio de cultura (líquido com nutrientes).
A ovulação da mulher é estimulada com hormônios e o médico injeta os espermatozóides preparados dentro do útero (inseminação artificial). A taxa de sucesso é de cerca de 35% em três tentativas.
Quando a contagem de espermatozóides é muita baixa, a técnica escolhida é da fertilização "in vitro" (FIV), técnica do bebê de proveta. Na FIV, o esperma é coletado e os melhores espermatozóides são selecionados.
A mulher é estimulada a ter uma superovulação e os óvulos são colhidos. Óvulo e espermatozóides são colocados em uma placa (com um meio nutritivo).
De dois a quatro óvulos fecundados são colocados de volta no útero. A chance de sucesso é de 35% em uma única tentativa e de cerca de 65% em três ciclos.
O último recurso é a ICSI (injeção do espermatozóide dentro do óvulo). Essa técnica é utilizada em homens que têm espermatozóides com uma função inadequada. Eles não conseguem se mover ou não alcançam a fusão com o óvulo.
Nesse caso, sem uma "mãozinha" (na verdade, aparelhos microscópicos) que coloque o espermatozóide diretamente dentro do óvulo, a fertilização não acontece. A chance de sucesso é de 35% em uma única tentativa ou de 65% em três ciclos sucessivos.
Algumas novidades -ainda em experiência- prometem facilitar ainda mais o caminho para os futuros papais. Uma técnica que já produziu cerca de 15 crianças no mundo é o uso da espermátide de homens que não têm praticamente nenhum espermatozóide. A espermátide é uma célula reprodutiva precursora do espermatozóide. Como ela é uma célula muito jovem, a técnica ainda tem alcançado níveis baixos de fecundação.



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