São Paulo, sábado, 09 de setembro de 2000

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Roteiro estimula turismo nos morros

DA SUCURSAL DO RIO

O interesse dos estrangeiros pela vida nas favelas cariocas levou agências e guias a se especializarem nesse tipo de turismo.
A Rocinha, na zona sul, e a Mangueira, na zona norte, costumam ser as mais visitadas.
Há três anos, a Rocinha, considerada a maior favela da América Latina -com seus 100 mil habitantes, segundo as estatísticas oficiais-, recebe, em média, cerca de 2.000 turistas por mês.
A maioria, 60%, é de norte-americanos. O passeio turístico ao morro carioca custa em média R$ 30. A duração é de quase duas horas, nas quais o turista entra em contato com a vida dos moradores da favela.
"No nosso roteiro, temos até uma visita à casa de uma moradora, que serve cafezinho e tudo", disse Rejane Reis, dona da agência Exotic Tours.
O turista é sempre estrangeiro. "Brasileiro não visita favela. Os turistas da América do Sul também não. Só quando vêm a trabalho, geralmente jornalistas", diz Rejane. Há outras agências que trabalham na Rocinha como a Favela Tours e a JeepTours.
Os maiores interessados são professores, arquitetos e médicos. "É completamente seguro", afirma a dona da Exotic.
"É claro que sei de gente que já enfrentou problemas. Mas depende da maneira como você se comporta. Tem pessoas que se tornam antipáticas porque chegam com um grupo enorme e se sentem mais seguras. Tiram fotografias de maneira inconveniente. Os moradores não gostam. É preciso ir com jeitinho."
Rejane é coordenadora da Oficina de Turismo da Rocinha, que já formou 37 guias locais, moradores da favela.
Cada guia recebe R$ 10 por passeio. É sempre um guia para cada dois turistas. "Estabelecemos essa proporção para que todos tenham oportunidade de ganhar", diz Rejane.
A visita inclui passeio pelo comércio. Nenhum estrangeiro se arrisca a comer petiscos nos botequins das favelas cariocas, nem mesmo a provar bebidas, pois temem a qualidade da água que lava os copos. "O que eles compram mais é CDs, geralmente de samba e pagode", afirma a proprietária da Exotic.


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