São Paulo, Sábado, 09 de Outubro de 1999
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Braço cortado ainda dói, diz médico

da Reportagem Local

Recuperado da cirurgia que passou para conter a hemorragia no antebraço esquerdo, o gerente de vendas Sebastião José Rodrigues deve receber alta médica hoje do Hospital Ipiranga, onde está internado desde a madrugada de quarta-feira.
Mesmo sabendo que sofreu a amputação, Rodrigues continua reclamando de dor no braço, relata o médico Luiz Carlos Porto, chefe do setor de traumatologia do Hospital Ipiranga.
"É uma reação normal, decorrente da lesão nas terminações nervosas, que o faz continuar sentindo dor na parte amputada. Na medicina, esse fenômeno é conhecido como dor do membro fantasma", explicou Porto.
Segundo ele, não há como combater esse problema, que passa naturalmente com o tempo. "No máximo em duas semanas, ele deixará de ter essa sensação."
De acordo com o médico, a falsa dor não é um empecilho para Rodrigues deixar o hospital. A alta será decidida na manhã de hoje, após um exame detalhado no paciente. "A alta deveria ter acontecido hoje (ontem). Mas, como o coto do braço dele ainda estava um pouco inchado, resolvemos adiar a alta para hoje."
Clinicamente, segundo o médico, o estado de saúde do paciente é bom. Apesar do trauma da amputação, ele chegou ao hospital consciente e não apresentou grandes problemas. Rodrigues também não perdeu muito sangue, pois a hemorragia foi contida naturalmente pelo corpo. A amputação atingiu o antebraço de Rodrigues, cerca de dez centímetros acima do pulso.
Após passar por uma cirurgia de duas horas para restaurar os tecidos danificados, Rodrigues passou a ser medicado para evitar infecções. Até a noite de ontem ele continuava tomando analgésicos e antiinflamatórios.
Ao contrário da parte clínica, o lado psicológico de Rodrigues preocupa a equipe médica do Ipiranga. Por já ter atentado contra a própria vida, os médicos acham possível que ele venha a tentar outras mutilações ou o suicídio. Por isso, ele deve passar por um acompanhamento psiquiátrico após deixar o hospital. "É um caso que espanta a todos os médicos. Só um motivo muito forte poderia levar alguém a cortar um pedaço do corpo", afirmou o médico Luiz Carlos Porto.
O médico afirmou que Rodrigues pode usar a partir da semana que vem uma prótese estética no antebraço. Após fazer fisioterapia e recuperar totalmente o coto, ele pode colocar uma prótese funcional, que devolveria a ele alguns dos movimentos da mão.
Desde o dia em que chegou ao hospital, Rodrigues recebeu a visita apenas de sua mulher, Cláudia dos Santos. (OC)


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