|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Braço cortado ainda dói, diz médico
da Reportagem Local
Recuperado da cirurgia que
passou para conter a hemorragia
no antebraço esquerdo, o gerente
de vendas Sebastião José Rodrigues deve receber alta médica hoje do Hospital Ipiranga, onde está
internado desde a madrugada de
quarta-feira.
Mesmo sabendo que sofreu a
amputação, Rodrigues continua
reclamando de dor no braço, relata o médico Luiz Carlos Porto,
chefe do setor de traumatologia
do Hospital Ipiranga.
"É uma reação normal, decorrente da lesão nas terminações
nervosas, que o faz continuar sentindo dor na parte amputada. Na
medicina, esse fenômeno é conhecido como dor do membro
fantasma", explicou Porto.
Segundo ele, não há como combater esse problema, que passa
naturalmente com o tempo. "No
máximo em duas semanas, ele
deixará de ter essa sensação."
De acordo com o médico, a falsa
dor não é um empecilho para Rodrigues deixar o hospital. A alta
será decidida na manhã de hoje,
após um exame detalhado no paciente. "A alta deveria ter acontecido hoje (ontem). Mas, como o
coto do braço dele ainda estava
um pouco inchado, resolvemos
adiar a alta para hoje."
Clinicamente, segundo o médico, o estado de saúde do paciente
é bom. Apesar do trauma da amputação, ele chegou ao hospital
consciente e não apresentou
grandes problemas. Rodrigues
também não perdeu muito sangue, pois a hemorragia foi contida
naturalmente pelo corpo. A amputação atingiu o antebraço de
Rodrigues, cerca de dez centímetros acima do pulso.
Após passar por uma cirurgia
de duas horas para restaurar os
tecidos danificados, Rodrigues
passou a ser medicado para evitar
infecções. Até a noite de ontem ele
continuava tomando analgésicos
e antiinflamatórios.
Ao contrário da parte clínica, o
lado psicológico de Rodrigues
preocupa a equipe médica do Ipiranga. Por já ter atentado contra a
própria vida, os médicos acham
possível que ele venha a tentar outras mutilações ou o suicídio. Por
isso, ele deve passar por um
acompanhamento psiquiátrico
após deixar o hospital. "É um caso
que espanta a todos os médicos.
Só um motivo muito forte poderia levar alguém a cortar um pedaço do corpo", afirmou o médico Luiz Carlos Porto.
O médico afirmou que Rodrigues pode usar a partir da semana
que vem uma prótese estética no
antebraço. Após fazer fisioterapia
e recuperar totalmente o coto, ele
pode colocar uma prótese funcional, que devolveria a ele alguns
dos movimentos da mão.
Desde o dia em que chegou ao
hospital, Rodrigues recebeu a visita apenas de sua mulher, Cláudia dos Santos.
(OC)
Texto Anterior: Advogado contesta a confissão Próximo Texto: Amigo acusa mulher por amputação Índice
|