São Paulo, Sábado, 09 de Outubro de 1999
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VIOLÊNCIA
Estudante de 17 anos foi morto após perseguição nas ruas de Americana, no interior de São Paulo
Policial acusado de matar aluno é preso

ELI FERNANDES
free-lance para a Folha Campinas

O policial militar Antonio Joaquim da Silva Neto, 37, foi preso anteontem à noite acusado de matar com um tiro o estudante Rafael Tarossi, 17, após uma perseguição em Americana (133 km de São Paulo).
A perseguição começou na avenida Rio Branco, no centro da cidade, por volta das 23h, e terminou no mercado municipal, que fica a cerca de 500 metros do local.
Segundo o depoimento de Neto, ele estava em um carro da Polícia Militar com outro policial e perseguiu Tarossi, que dirigia uma moto, para averiguar se o adolescente tinha carteira de habilitação.
Tarossi, que usava capacete enquanto dirigia, estava com o amigo S.B.B., 16.

Sirene
De acordo com a versão de Neto dada à Polícia Civil, ainda na avenida, os policiais ligaram as luzes e a sirene do carro, mas os adolescentes teriam se recusado a parar a moto.
Os jovens entraram na rua Marechal Deodoro, na contramão, e teriam caído da moto.
Os policiais estavam fazendo ronda na região central.
Por outro lado, S.B.B., em seu depoimento à polícia, disse que Tarossi parou a moto.
O adolescente afirmou que desceu com as mãos para cima e, mesmo assim, foi agredido com uma coronhada no ombro e chutes na perna pelo policial Antonio Joaquim da Silva Neto.
O mesmo policial teria dado um tiro na nuca de Tarossi.
O adolescente S.B.B. foi levado para o hospital.
Rafael Tarossi morreu depois de ser encaminhado ao pronto-socorro de Americana.
De acordo com o depoimento da estudante C.S.C., 17, que foi testemunha do caso, um dos policiais retirou S.B.B. da garupa da moto e o espancou.
A estudante não soube identificar o PM porque estava a 500 metros do local, em um trailer de lanches.
Neto foi preso pelo sargento da PM Antonio Durvalino Menegazzo e levado para o presídio da Polícia Militar na Grande São Paulo.
O policial é acusado de homicídio.

Revolta
O metalúrgico Pedro Elias Beckedorf, pai de S.B.B., foi até a delegacia durante a madrugada e teria se desentendido com policiais civis e militares.
Ele foi acusado de ter danificado um dos carros da polícia. Foi registrado um termo de ocorrência contra o metalúrgico.
O pai do adolescente que morreu não compareceu à delegacia.
No boletim de ocorrência não consta o proprietário da moto que Tarossi dirigia.


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