São Paulo, Sábado, 09 de Outubro de 1999
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SAÚDE
OMC receberia queixa contra multinacionais que fabricam genéricos no exterior, mas não pediram registro aqui
Serra ameaça denunciar laboratórios

DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília

Somente laboratórios nacionais se interessaram, até agora, em solicitar à ANVS (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) registro para comercializar medicamentos genéricos.
Desde 20 de agosto, quando a Lei dos Genéricos foi regulamentada, foram apresentados à Vigilância Sanitária 14 pedidos para registro. Nenhum deles foi feito por laboratórios multinacionais -nem mesmo pelos que já têm divisões de genéricos em outros países.

Denúncia à OMC
O ministro José Serra (Saúde) ameaçou denunciar à OMC (Organização Mundial do Comércio) os laboratórios multinacionais que atuam no mercado de genéricos em seus países de origem e que se recusarem a fazer o mesmo no Brasil.
Para Serra, esses laboratórios estariam "boicotando" a Lei dos Genéricos no Brasil para garantir suas margens de lucro, já que os genéricos são competidores diretos dos medicamentos de marca desses laboratórios.
O Ministério da Saúde, entretanto, não dispõe de levantamento oficial dos laboratórios que se encontram nessa situação.
"Nós sabemos extra-oficialmente o nome de uns três laboratórios", afirma Gonzalo Vecina Neto, diretor-presidente da ANVS.
A xb levantou a existência de pelo menos cinco laboratórios multinacionais que possuem divisão de genéricos: Bayer, Boehringer Ingelheim, Novartis, Knoll e Lilly.
Todos afirmam que pretendem entrar no mercado de genéricos no Brasil, mas dizem que ainda não pediram o registro porque estão estudando a lei.
"A publicação da regulamentação da lei é muito recente. Estamos, neste momento, estudando o que é necessário fazer para adaptá-los à nova lei", diz Andreas Strakos, diretor-geral do setor de farmácia da Novartis.
Strakos também disse que a Novartis não vai entrar no mercado de genéricos enquanto os medicamentos similares continuarem sendo vendidos no Brasil como se fossem genéricos.
"É necessário que cesse a massiva promoção de falsos genéricos e a empurroterapia atualmente existente. Enquanto essa situação permanecer, não há condições para comercializar os verdadeiros genéricos", disse.
Já Francisco Portugal, diretor-médico da Knoll, que já atua no Brasil com uma linha de similares (Basf Generixs), diz que a empresa deverá apresentar o pedido de registro na próxima semana.
A Boehringer Ingelheim só deverá pedir o registro daqui a seis meses.


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