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São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2003

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ABASTECIMENTO

Ajuda possibilitará que falta de água no Alto Cotia seja menos rigorosa

Guarapiranga entra em racionamento "solidário"

MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

O racionamento de água começa dia 15 na Grande São Paulo e vai afetar 440 mil moradores das cidades de Cotia, Embu, Embu Guaçu, Itapecerica da Serra e Vargem Grande Paulista.
A maior parte é abastecida pelo sistema Alto Cotia, mas cerca de 100 mil do total recebem água do sistema Guarapiranga e passarão por um racionamento solidário.
A manobra é necessária para que a água economizada com os cortes na área servida pelo Guarapiranga -450 litros por segundo- seja revertida para a região do Alto Cotia com o objetivo de evitar que o racionamento lá seja ainda mais rigoroso.
Em princípio, a população será dividida em dois grupos, e o esquema será de 36 horas com água e 36 horas sem -o que já é um desabastecimento maior do que o que o Alto Cotia viveu em 2000.
Sem a ajuda do racionamento solidário do Guarapiranga, quem é servido pelo Alto Cotia poderia ficar entre 40 horas e até dois dias seguidos sem água. A situação da represa Pedro Beicht, única do sistema, é crítica: ela deveria produzir 1.110 l por segundo, mas só tem produzido 100 l por segundo.
O reservatório operava ontem com 7,6% de sua capacidade e vem secando 0,4 ponto percentual por dia. O volume atual é o mais baixo desde a sua criação, em 1916. Em 2000, quando entrou em racionamento, o Alto Cotia tinha 14,6% de sua capacidade. As chuvas não têm ajudado: até ontem de manhã a precipitação acumulada no sistema era de 0,9 mm. A média de outubro é de 123,6 mm (1 mm é igual a 1 l por 1 m2).
Implantado no início do século 20 para abastecer a avenida Paulista e a região de Higienópolis, que viviam um forte crescimento populacional, o Alto Cotia foi sendo empurrado para a zona oeste da região metropolitana e hoje é praticamente isolado.
Não há previsão para o fim do racionamento, embora o secretário de Estado da Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, Mauro Arce, diga esperar que a situação seja normalizada em novembro. Com a medida, a demanda de água do Alto Cotia deve cair pela metade -indo a 500 l/s.
Só amanhã a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) deve dizer quais bairros ficarão sem água primeiro. A empresa esclarece dúvidas pelo telefone 195.

Uso racional
Segundo a Sabesp, foi lançada ontem uma campanha publicitária de uso racional da água para convencer as pessoas a gastar menos. O desperdício total (uso irresponsável mais vazamentos na rede) representa cerca de 1/3 de toda a água distribuída.
O presidente da empresa, Dalmo Nogueira, não soube dizer quanto será gasto e também não divulgou as peças da campanha, mas disse que ela será veiculada em todos os meios de comunicação. Ele rebateu críticas sobre a demora da Sabesp em pedir economia, dizendo que a empresa tem trabalhos permanentes de conscientização e educação.
Em cinco anos, afirmou, o consumo diário médio per capita caiu de 270 litros para 180 litros. "Sem sacrifício, é possível economizar até 25% mais", afirmou Arce.
Para tentar dar o exemplo, o governador Geraldo Alckmin publicou ontem um decreto que obriga prédios e órgãos públicos a cortar lavagens de calçadas e carros com água potável, regar plantas em horários determinados, consertar vazamentos, entre outros.
Fica obrigatório ainda o uso, em reformas e construções, inclusive de casas populares, de equipamentos que gastem menos.
No dia 15, deve ser anunciado também um disque-desperdício, para receber denúncias de vazamentos na rede da Sabesp e agilizar a solução do problema.


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