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HABITAÇÃO
PM usou bala de borracha para acabar com invasão no centro de SP
Cercado, grupo de sem-teto deixa prédio
Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
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Após 16h de invasão e confronto, integrantes da Frente de Luta por Moradia deixam prédio da Caixa Econômica Federal no centro |
FERNANDA MENA
FERNANDA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Após 16 horas de invasão e confronto com a Polícia Militar na
praça Roosevelt, no centro de São
Paulo, um grupo de sem-teto deixou ontem à tarde o prédio da
Caixa Econômica Federal, localizado nas esquinas das ruas João
Guimarães Rosa e Gravataí.
No edifício, segundo a PM, estavam 30 pessoas. Para a Frente de
Luta por Moradia (FLM), que
promoveu a invasão, eram 150.
À noite, a polícia impediu que
um grupo maior tomasse o prédio da Caixa. No enfrentamento,
a polícia utilizou bombas de efeito
moral e balas de borracha. Os
sem-teto, pedradas. "Transformaram a praça Roosevelt numa
praça de guerra", afirmou a militante Elaine Aparecida, 28.
O prédio fica a um quarteirão da
3ª Companhia da PM. Quatro
pessoas foram detidas, cinco veículos da polícia foram danificados e, segundo membros da Frente, uma gestante integrante do
movimento foi ferida na cabeça.
O auge do clima de tensão ocorreu por volta das 23h de anteontem, quando a polícia começou a
desimpedir a entrada de acesso ao
edifício -bloqueada por móveis.
Enquanto o confronto ocorria
na rua, do décimo andar, alguns
sem-teto atiraram três extintores
de incêndio contra policiais que
guardavam a entrada do prédio.
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, afirmou que a
polícia agiu corretamente ao defender a propriedade e que as
ações do movimento de moradia
têm caráter político.
A ação é parte da estratégia do
grupo para chamar a atenção para a questão da habitação em São
Paulo. No dia 31 de outubro, cerca
de quatro horas após o fechamento das urnas eleitorais, sete imóveis foram invadidos. Quatro permanecem ocupados. A Frente
reúne 12 grupos de moradia, entre os quais o MSTC (Movimento
dos Sem Teto do Centro).
Ontem, após o representante da
Caixa Rogério Gagliardi afirmar
que não haveria negociação e a
polícia dar um prazo de 15 minutos para a desocupação do prédio,
eles começaram a sair do edifício,
cantando o Hino Nacional. "Do
governo estadual a gente já esperava, mas do governo federal, que
é do trabalhador... É lamentável",
disse Ivanete de Araújo, uma das
coordenadoras da Frente.
Para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), as
invasões não têm sentido e parecem provocação.
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