São Paulo, terça-feira, 09 de novembro de 2004

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HABITAÇÃO

PM usou bala de borracha para acabar com invasão no centro de SP

Cercado, grupo de sem-teto deixa prédio

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Após 16h de invasão e confronto, integrantes da Frente de Luta por Moradia deixam prédio da Caixa Econômica Federal no centro


FERNANDA MENA
FERNANDA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Após 16 horas de invasão e confronto com a Polícia Militar na praça Roosevelt, no centro de São Paulo, um grupo de sem-teto deixou ontem à tarde o prédio da Caixa Econômica Federal, localizado nas esquinas das ruas João Guimarães Rosa e Gravataí.
No edifício, segundo a PM, estavam 30 pessoas. Para a Frente de Luta por Moradia (FLM), que promoveu a invasão, eram 150.
À noite, a polícia impediu que um grupo maior tomasse o prédio da Caixa. No enfrentamento, a polícia utilizou bombas de efeito moral e balas de borracha. Os sem-teto, pedradas. "Transformaram a praça Roosevelt numa praça de guerra", afirmou a militante Elaine Aparecida, 28.
O prédio fica a um quarteirão da 3ª Companhia da PM. Quatro pessoas foram detidas, cinco veículos da polícia foram danificados e, segundo membros da Frente, uma gestante integrante do movimento foi ferida na cabeça.
O auge do clima de tensão ocorreu por volta das 23h de anteontem, quando a polícia começou a desimpedir a entrada de acesso ao edifício -bloqueada por móveis.
Enquanto o confronto ocorria na rua, do décimo andar, alguns sem-teto atiraram três extintores de incêndio contra policiais que guardavam a entrada do prédio.
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, afirmou que a polícia agiu corretamente ao defender a propriedade e que as ações do movimento de moradia têm caráter político.
A ação é parte da estratégia do grupo para chamar a atenção para a questão da habitação em São Paulo. No dia 31 de outubro, cerca de quatro horas após o fechamento das urnas eleitorais, sete imóveis foram invadidos. Quatro permanecem ocupados. A Frente reúne 12 grupos de moradia, entre os quais o MSTC (Movimento dos Sem Teto do Centro).
Ontem, após o representante da Caixa Rogério Gagliardi afirmar que não haveria negociação e a polícia dar um prazo de 15 minutos para a desocupação do prédio, eles começaram a sair do edifício, cantando o Hino Nacional. "Do governo estadual a gente já esperava, mas do governo federal, que é do trabalhador... É lamentável", disse Ivanete de Araújo, uma das coordenadoras da Frente.
Para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), as invasões não têm sentido e parecem provocação.


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