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Responsável pela investigação diz estar convicto de que sargento tentou suicídio
DA SUCURSAL DO RIO
O tenente-coronel Aloysio
Arthur Chaves Pinto, encarregado do IPM sobre o incidente
com o sargento Edmilson Campos, declarou à Folha que tem
a "consciência tranqüila" e a
"convicção" de que houve tentativa de suicídio do militar.
Ele admite haver "provas técnicas fortes" contra a tese do
suicídio, mas afirmou que se
baseou nos depoimentos para
concluir isso. Aloysio contou
ter usado os laudos como prova, mas deu "um desconto".
"Não acredito nem um pouquinho que tenha havido homicídio. Tenho essa convicção
[de tentativa de suicídio]", disse, de Curitiba, onde serve na
5ª Região Militar, como chefe
da seção de Tiro de Guerra.
Ele aponta o depoimento de
motorista do Exército, que disse ter visto o momento do disparo como prova importante.
"O laudo do legista é forte,
ele é técnico. Não tinha prova
nenhuma de que os médicos tinham limpado a mão do militar
[e eventuais indícios de pólvora]. Baseei-me mais na prova
testemunhal. Não posso contestar prova técnica sem provas materiais. Porém, por mais
que indícios do legista indiquem um caminho, não posso
parar apenas na prova técnica",
disse ele.
Assepsia
Para contestar o laudo -que
aponta tiro de longa distância,
em local inusitado para caso de
suicídio e ausência de resíduos
de pólvora na mão de Campos-, o oficial enfatizou que a
assepsia do sargento ao ser
atendido no hospital teria apagado resíduos de pólvora de sua
mão, segundo depoimento de
médicos que o atenderam.
O laudo de resíduo, embora
também não identifique pólvora, é considerado exame complementar. A convicção dos peritos se embasava mais em outros exames para refutar a tentativa de suicídio.
Para o tenente-coronel, teria
sido impossível alguém atirar
contra Campos e não ser visto,
ou que os militares ouvidos estivessem em conluio, mentindo. "Teria que combinar com
umas dez, 15 pessoas."
Para o fato de o tiro ter atingido o alto da cabeça no lado esquerdo, quando o sargento era
destro -o que dificultaria e tornaria inusitado o disparo-,
Aloysio tem uma teoria, já exposta no IPM. "Meu raciocínio
é esse: talvez na hora do disparo, ele tenha se arrependido e,
por instinto de sobrevivência,
virado a cabeça, atingindo o lado esquerdo. É difícil de provar,
é uma suposição minha, meu
raciocínio é esse, baseado em
outros fatos", disse, afirmando
acreditar ser possível esse movimento entre o momento em
que ele aperta o gatilho e o disparo, com saída do tiro.
Sobre a indenização para a
família de Campos, que teve como um dos motivos afirmações
do IPM de que queriam se
aproveitar da situação, Aloysio
disse que a Justiça deve ter se
baseado nas provas técnicas.
A Folha procurou o setor de
comunicação social do Comando Militar do Leste, mas o setor
não se manifestou sobre o caso.
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