São Paulo, sábado, 09 de dezembro de 2006

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Responsável pela investigação diz estar convicto de que sargento tentou suicídio

DA SUCURSAL DO RIO

O tenente-coronel Aloysio Arthur Chaves Pinto, encarregado do IPM sobre o incidente com o sargento Edmilson Campos, declarou à Folha que tem a "consciência tranqüila" e a "convicção" de que houve tentativa de suicídio do militar. Ele admite haver "provas técnicas fortes" contra a tese do suicídio, mas afirmou que se baseou nos depoimentos para concluir isso. Aloysio contou ter usado os laudos como prova, mas deu "um desconto".
"Não acredito nem um pouquinho que tenha havido homicídio. Tenho essa convicção [de tentativa de suicídio]", disse, de Curitiba, onde serve na 5ª Região Militar, como chefe da seção de Tiro de Guerra.
Ele aponta o depoimento de motorista do Exército, que disse ter visto o momento do disparo como prova importante.
"O laudo do legista é forte, ele é técnico. Não tinha prova nenhuma de que os médicos tinham limpado a mão do militar [e eventuais indícios de pólvora]. Baseei-me mais na prova testemunhal. Não posso contestar prova técnica sem provas materiais. Porém, por mais que indícios do legista indiquem um caminho, não posso parar apenas na prova técnica", disse ele.

Assepsia
Para contestar o laudo -que aponta tiro de longa distância, em local inusitado para caso de suicídio e ausência de resíduos de pólvora na mão de Campos-, o oficial enfatizou que a assepsia do sargento ao ser atendido no hospital teria apagado resíduos de pólvora de sua mão, segundo depoimento de médicos que o atenderam.
O laudo de resíduo, embora também não identifique pólvora, é considerado exame complementar. A convicção dos peritos se embasava mais em outros exames para refutar a tentativa de suicídio.
Para o tenente-coronel, teria sido impossível alguém atirar contra Campos e não ser visto, ou que os militares ouvidos estivessem em conluio, mentindo. "Teria que combinar com umas dez, 15 pessoas."
Para o fato de o tiro ter atingido o alto da cabeça no lado esquerdo, quando o sargento era destro -o que dificultaria e tornaria inusitado o disparo-, Aloysio tem uma teoria, já exposta no IPM. "Meu raciocínio é esse: talvez na hora do disparo, ele tenha se arrependido e, por instinto de sobrevivência, virado a cabeça, atingindo o lado esquerdo. É difícil de provar, é uma suposição minha, meu raciocínio é esse, baseado em outros fatos", disse, afirmando acreditar ser possível esse movimento entre o momento em que ele aperta o gatilho e o disparo, com saída do tiro.
Sobre a indenização para a família de Campos, que teve como um dos motivos afirmações do IPM de que queriam se aproveitar da situação, Aloysio disse que a Justiça deve ter se baseado nas provas técnicas.
A Folha procurou o setor de comunicação social do Comando Militar do Leste, mas o setor não se manifestou sobre o caso.


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