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Laudos dizem que sargento não tentou se matar
DA SUCURSAL DO RIO
Os laudos médico legais pedidos pelo Inquérito Policial Militar ao Hospital Central do
Exército e à Polícia Civil afirmam que não houve tentativa
de suicídio por parte do então
sargento do Edmilson Campos,
hoje reformado.
O documento assinado pelo
major médico Levy Inimá de
Miranda mostra que o militar,
que era do 26º Batalhão de Infantaria Pára-Quedista do
Exército, teria marca de queimadura ou outra conhecida como "zona de tatuagem" ao redor do orifício da bala caso o
disparo tivesse sido feito a pequena distância (até 70 cm).
"Afastamos as possibilidades
de tiro à queima-roupa, a curtíssima (entre 10 e 30 cm) e
curta distâncias. Há um fato
que chama a atenção. Aquela
região onde se revelava a cicatriz ovalar não é uma região de
habitual eleição para prática de
suicídio", escreve o perito.
Mais à frente, citando o resultado da pesquisa residuográfica de pólvora, Inimá ironiza a tese de tentativa de suicídio. "Neste ponto, temos uma
"tentativa de suicídio" com tiro
realizado à longa distância, numa área corporal inabitualmente eleita (para um destro),
com ausência de resíduos de
pólvora nas mãos do pretenso
suicida", relata.
O perito afirma ainda que espasmos musculares dos suicidas fazem a arma ser lançada ao
chão e não ficar na mão, o que
teria acontecido segundo a versão dos militares. E critica o fato de, conforme versão de dois
sargentos que estariam perto
de Campos, ninguém ter ouvido o municiamento, a alimentação e o carregamento da pistola, que fazem barulhos característicos. O ferrolho da arma
também ficou na posição original, e não na retaguarda, como
deveria ocorrer após o tiro.
O tenente-coronel Aloysio
Arthur Chaves Pinto, que assina como então major relatório
concluindo por tentativa de
suicídio, cita em seu relatório
que Campos havia tentado se
matar na véspera, ingerindo 20
comprimidos de Diazepan. Inimá também ironiza a versão.
"Interessante notar o relato
de que teria o militar ingerido
20 comprimidos de Diazepan,
ou seja, 200 mg, e num só dia
(?) [...] Nas infecções graves
-como seria uma dose de 200
mg/dia- podem ocorrer coma,
depressão respiratória e apnéia
[interrupção da respiração]. [...]
Essa teria sido a primeira forma de "tentativa de suicídio",
igualmente estranha como a
segunda [por tiro]", afirma o
perito em seu lado.
Segundo a mãe de Campos,
Deuseni, que o acompanhou ao
hospital, ele estava apenas com
dores abdominais e foi com ela
de ônibus para ser atendido.
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