São Paulo, sábado, 09 de dezembro de 2006

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Laudos dizem que sargento não tentou se matar

DA SUCURSAL DO RIO

Os laudos médico legais pedidos pelo Inquérito Policial Militar ao Hospital Central do Exército e à Polícia Civil afirmam que não houve tentativa de suicídio por parte do então sargento do Edmilson Campos, hoje reformado.
O documento assinado pelo major médico Levy Inimá de Miranda mostra que o militar, que era do 26º Batalhão de Infantaria Pára-Quedista do Exército, teria marca de queimadura ou outra conhecida como "zona de tatuagem" ao redor do orifício da bala caso o disparo tivesse sido feito a pequena distância (até 70 cm).
"Afastamos as possibilidades de tiro à queima-roupa, a curtíssima (entre 10 e 30 cm) e curta distâncias. Há um fato que chama a atenção. Aquela região onde se revelava a cicatriz ovalar não é uma região de habitual eleição para prática de suicídio", escreve o perito.
Mais à frente, citando o resultado da pesquisa residuográfica de pólvora, Inimá ironiza a tese de tentativa de suicídio. "Neste ponto, temos uma "tentativa de suicídio" com tiro realizado à longa distância, numa área corporal inabitualmente eleita (para um destro), com ausência de resíduos de pólvora nas mãos do pretenso suicida", relata.
O perito afirma ainda que espasmos musculares dos suicidas fazem a arma ser lançada ao chão e não ficar na mão, o que teria acontecido segundo a versão dos militares. E critica o fato de, conforme versão de dois sargentos que estariam perto de Campos, ninguém ter ouvido o municiamento, a alimentação e o carregamento da pistola, que fazem barulhos característicos. O ferrolho da arma também ficou na posição original, e não na retaguarda, como deveria ocorrer após o tiro.
O tenente-coronel Aloysio Arthur Chaves Pinto, que assina como então major relatório concluindo por tentativa de suicídio, cita em seu relatório que Campos havia tentado se matar na véspera, ingerindo 20 comprimidos de Diazepan. Inimá também ironiza a versão.
"Interessante notar o relato de que teria o militar ingerido 20 comprimidos de Diazepan, ou seja, 200 mg, e num só dia (?) [...] Nas infecções graves -como seria uma dose de 200 mg/dia- podem ocorrer coma, depressão respiratória e apnéia [interrupção da respiração]. [...] Essa teria sido a primeira forma de "tentativa de suicídio", igualmente estranha como a segunda [por tiro]", afirma o perito em seu lado.
Segundo a mãe de Campos, Deuseni, que o acompanhou ao hospital, ele estava apenas com dores abdominais e foi com ela de ônibus para ser atendido.


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