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Agitação e valorização imobiliária dos empreendimentos dividem vizinhança
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUARUJÁ
Vizinhos dos megaempreendimentos em construção no
Guarujá (SP) estão divididos.
Uma parte é contra, pois argumenta que irá afetar a tranqüilidade do local. A outra é a favor: diz que irá valorizar a área.
"Onde é que vai caber tanta
cadeira nessa praia?", pergunta
José Miranda, 65, zelador de
um edifício de quatro pavimentos a uma quadra de onde é
construído um prédio de 22 andares, na Enseada. "Isso vai tirar a liberdade de todo mundo."
Morador do primeiro andar
do prédio de esquina a ele, o
aposentado Nilton Cardoso,
80, discorda. "Havia um terreno abandonado aqui na frente.
Pelo menos agora há um investimento. Se vem gente até do
morro para a praia, por que se
incomodar com que esse pessoal que vai morar aqui?", diz.
Vizinha do mesmo empreendimento, a corretora Ester Lustri, 52, diz que "não adianta
querer sossego". "Já estava na
hora de agitar o Guarujá. Os
prédios daqui parecem um
monte de caixotões."
Para ela, o fato de a construção ser de alto padrão também
conta. "Vai ser para gente de
classe mais alta."
Oposição
Os outros moradores do prédio de Lustri, todos veranistas,
são contra. "Eles já estão se organizando para tentar interditar a obra. Dizem que vai afetar
a tranqüilidade."
Nas Astúrias, onde três torres de 16 andares serão erguidas, os moradores dos pequenos prédios em volta também assimilam aos poucos a idéia.
"No meu ver é bom. Vai valorizar toda essa área", afirma a
comerciante Isabel Aguiar, 48,
que já até pensa em se mudar
para o prédio ao lado.
Para João Whitaker, da USP,
o "mito da valorização" existe
porque a classe média brasileira o fomenta. "Tudo vale se for
valorizado. Não há consciência
do valor de uso, da qualidade de
vida."
(TR)
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