São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Agitação e valorização imobiliária dos empreendimentos dividem vizinhança

DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUARUJÁ

Vizinhos dos megaempreendimentos em construção no Guarujá (SP) estão divididos. Uma parte é contra, pois argumenta que irá afetar a tranqüilidade do local. A outra é a favor: diz que irá valorizar a área.
"Onde é que vai caber tanta cadeira nessa praia?", pergunta José Miranda, 65, zelador de um edifício de quatro pavimentos a uma quadra de onde é construído um prédio de 22 andares, na Enseada. "Isso vai tirar a liberdade de todo mundo."
Morador do primeiro andar do prédio de esquina a ele, o aposentado Nilton Cardoso, 80, discorda. "Havia um terreno abandonado aqui na frente. Pelo menos agora há um investimento. Se vem gente até do morro para a praia, por que se incomodar com que esse pessoal que vai morar aqui?", diz.
Vizinha do mesmo empreendimento, a corretora Ester Lustri, 52, diz que "não adianta querer sossego". "Já estava na hora de agitar o Guarujá. Os prédios daqui parecem um monte de caixotões."
Para ela, o fato de a construção ser de alto padrão também conta. "Vai ser para gente de classe mais alta."

Oposição
Os outros moradores do prédio de Lustri, todos veranistas, são contra. "Eles já estão se organizando para tentar interditar a obra. Dizem que vai afetar a tranqüilidade."
Nas Astúrias, onde três torres de 16 andares serão erguidas, os moradores dos pequenos prédios em volta também assimilam aos poucos a idéia.
"No meu ver é bom. Vai valorizar toda essa área", afirma a comerciante Isabel Aguiar, 48, que já até pensa em se mudar para o prédio ao lado.
Para João Whitaker, da USP, o "mito da valorização" existe porque a classe média brasileira o fomenta. "Tudo vale se for valorizado. Não há consciência do valor de uso, da qualidade de vida." (TR)


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