São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 2003

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ACIDENTES

Diminuição das vítimas fatais no trânsito é puxada pela queda nesse tipo de ocorrência; constatação intriga especialistas

Segurança de pedestres melhora estatística

DA REPORTAGEM LOCAL

A redução das vítimas fatais no trânsito da cidade de São Paulo desde 1998 é puxada pela queda das mortes de pedestres -que caíram 32%. O número de ocupantes de veículos mortos, porém, subiu 18,7% desde então.
Em 1998, os pedestres representavam 55% da quantidade de mortes no trânsito da capital paulista. Em 2002, eles eram 41,5%.
Essa constatação dos dados do IML (Instituto Médico Legal) intriga especialistas do setor, que esperavam uma tendência de queda em todos os segmentos depois da implantação do Código de Trânsito Brasileiro, que trouxe novas regras e punições aos infratores.
Uma das hipóteses, levantada por Philip Anthony Gold, consultor do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), é a de que essa estatística reflita a expansão dos motociclistas na capital paulista -que são ocupantes de veículos. "Além de conduzirem as motos de maneira arriscada, eles estão mais sujeitos aos acidentes graves", afirma Gold. Nos últimos quatro anos, enquanto a frota de carros subiu 10%, a de motos cresceu mais de 35% -ultrapassando 400 mil unidades.
O "relaxamento" no uso do cinto de segurança pelos motoristas, conforme reportagem publicada pela Folha em julho do ano passado, também pode ter influência nessa estatística. A adesão dos motoristas, passageiros da frente e passageiros do banco traseiro, que, em 1998, era de 98%, 93% e 29%, respectivamente, caiu para 90%, 83% e 5%, de acordo com pesquisas da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Mauricio Régio, assessor de segurança no trânsito da companhia, avalia que a dificuldade de reduzir as mortes de ocupantes dos veículos se deve à resistência dos motoristas em dirigir de forma mais segura e principalmente à característica da frota mais antiga. "Os veículos velhos são menos seguros e ainda são os que causam mais acidentes", diz Régio.
Dados da CET de 1999 mostravam que os veículos com mais de 11 anos representavam 23% da frota paulistana, mas eram responsáveis por 38% dos acidentes com mortes em São Paulo.
De 2001 para 2002, entretanto, a redução aconteceu tanto nas mortes de pedestres como na de ocupantes de veículos -queda de 7,3% e 7,6%, respectivamente.
(ALENCAR IZIDORO)


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