São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 2005

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VERÃO

Detritos ficam escondidos no subsolo ou são lançados em rios; quase 4 anos depois, plano de saneamento não surtiu efeito

Badalada, Maresias continua sem esgoto

Jefferson Coppola/Folha Imagem
Cano de esgoto em Maresias, ao lado de uma das cachoeiras do local


FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO SEBASTIÃO

Destino da elite paulistana durante a temporada de verão, a praia de Maresias, na costa sul da cidade de São Sebastião (214 km de São Paulo), sofre com a falta de saneamento básico.
O bairro, onde vivem cerca de 5.000 pessoas, mas que chega a ter 40 mil no verão, não conta sequer com rede de coleta do esgoto.
Os detritos produzidos ficam escondidos no subsolo, em fossas sépticas construídas sob alguns dos mais sofisticados e luxuosos condomínios do litoral norte do Estado, com casas de veraneio que ultrapassam os R$ 3 milhões. Ou, como acontece na maioria dos casos, são lançados diretamente em um dos três rios que cortam o bairro e que deságuam no mar disputado pelos turistas.
As invasões e construções irregulares também são um problema crônico. O esgoto a céu aberto, com a chuva, acaba nos rios e na praia. Em 2001, a Sabesp, a Prefeitura de São Sebastião e a Somar (Sociedade de Amigos de Bairro de Maresias) assinaram um Plano Comunitário de Melhorias que prometia, enfim, trazer a coleta e tratamento de esgoto ao local.
O acordo previa que a Sabesp se responsabilizaria por 50% do investimento total, cerca de R$ 3,6 milhões. A outra metade seria dividida entre a prefeitura e a comunidade (moradores e veranistas).
"Dividimos em cotas o valor que caberia aos moradores e veranistas. Cada um pagaria, em até 36 vezes, conforme o tamanho do terreno e localização. É uma maneira de subsidiarmos aqueles moradores do Sertão [periferia] que não têm como pagar pelo esgoto", conta o presidente da Somar, o empresário do ramo hoteleiro Wanderlei Nogueira, 50.
Pelo acordo, a população deveria comprar pelo menos 51% das cotas (851). Até o momento foram "vendidas" quase 300.
Quase quatro anos depois, menos de 10% dos 45 quilômetros de rede coletora previstos foram implantados, como parte do investimento assumido pela Sabesp. O órgão prevê concluir a sua parte nas obras, que inclui a construção da Estação de Tratamento de Esgotos, até o final do ano.
Nogueira diz que, por conta das eleições, o trabalho de convencimento dos moradores foi esfriado. Ele pretende agora retomar as negociações. "Se poluirmos a praia, acabamos com Maresias."
O prefeito de São Sebastião, Juan Pons Garcia (PPS), diz que "a prefeitura vai cumprir a sua parte no plano, que é a contrapartida que cobrirá o valor que não for pago pela comunidade no máximo de 49% da metade que cabe à prefeitura e à Somar."


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