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Ministro descarta risco de febre amarela em cidades
Temporão diz que casos atuais são isolados e se referem à forma silvestre da doença
Ele afasta possibilidade de falta de vacina e diz que quem
mora no Plano Piloto em Brasília, e não pretende viajar,
não precisa se imunizar
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após as mortes por suspeita
de febre amarela, o ministro
José Gomes Temporão (Saúde)
descartou ontem a possibilidade de o Brasil voltar a registrar
febre amarela urbana, erradicada em 1942. Ele disse que os
oito casos em investigação, em
três Estados (GO, MG e MT) e
no Distrito Federal, são ocorrências isoladas e se referem à
forma silvestre. No final da tarde, surgiu um novo caso no Paraná (veja texto na pág. C7), totalizando nove suspeitas.
Quatro pessoas morreram,
mas em um dos casos, no DF,
embora a investigação do ministério continue, a doença está
praticamente descartada. Os
demais ocorreram em Goiânia,
Brasília e Maringá (PR).
"A situação está absolutamente sob controle, não existe
nenhum risco de epidemia.
Desde 1942 não temos um caso
de febre amarela urbana no
Brasil e continuamos não tendo. Os casos que aconteceram
foram isolados e muito menos
que em anos anteriores", disse.
O maior número de registros
no Brasil ocorreu em 2000,
quando 85 pessoas foram infectadas; em 2003, também houve
contágio elevado, com 64 casos.
Em 2006, foram dois e, no ano
passado, seis.
As mortes dos últimos dias
levaram milhares de pessoas
aos postos de vacinação no DF
e em Goiás. Em muitos locais,
acabaram as vacinas. O ministro explicou que a falta se deveu
à elevada procura, mas garantiu que o ministério conseguirá
atender à demanda pelos postos. Ontem, a Fiocruz liberou
mais 2 milhões de doses.
Ele disse que, ainda que sua
pasta recomende a vacinação
para quem viaja ao DF, o morador do Plano Piloto não tem
que se preocupar. "Só [precisa
se vacinar] se for para região de
mata. [Para] a pessoa que mora
no Plano Piloto e não pretende
sair dele, não vai viajar para lugar nenhum, não tem sentido."
Pirenópolis ou DF
Temporão descartou a possibilidade de Graco Abubakir, 38,
-que morreu na terça-feira,
em Brasília, com sintomas da
doença e é um dos casos em investigação- ter sido contagiado no Distrito Federal.
"Com certeza, se laboratorialmente for confirmado que
foi febre amarela, ele contraiu
essa doença ao entrar na mata
de Pirenópolis [cidade em
Goiás onde ele passou o fim do
ano]", disse. A sorologia, que
pode confirmar a infecção, deve sair amanhã.
Um dos irmãos de Graco,
Tarso Abubakir, afirmou que
não é possível dizer onde ele
pode ter sido contagiado.
"Estão cometendo uma injustiça muito grande com Pirenópolis, porque ninguém pode
precisar com certeza onde foi o
contágio. Isso é uma irresponsabilidade muito grande. Ele
pode ter contraído, se for mesmo febre amarela, aqui", disse,
durante o velório.
Segundo Tarso, o irmão morava numa região do Lago Norte onde há mata e macacos.
Também afirmou que, quando
Graco chegou à cidade goiana,
no dia 29, ele já se apresentava
"cansado", o que pode indicar
que já estaria doente.
Graco ficou em Pirenópolis
até 1º de janeiro e começou a
sentir dores de cabeça no dia 2.
Como o tempo de incubação da
doença é de três a seis dias, não
é possível dizer se ele teria sido
picado em Goiás ou no DF.
Outro fato que, para a família, reduz a chance de ele ter
contraído a doença em Goiás é
que Graco viajou com 20 amigos, alguns vacinados e outros
não, e apenas ele teve sintomas.
Bastante emocionado, o irmão disse que a família está
"baqueada". "O fato de ele ter
ido embora vai fazer com que as
pessoas que têm que se mexer
se mexam e providenciem a vacina para todo mundo", disse.
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