São Paulo, quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

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Ministro descarta risco de febre amarela em cidades

Temporão diz que casos atuais são isolados e se referem à forma silvestre da doença

Ele afasta possibilidade de falta de vacina e diz que quem mora no Plano Piloto em Brasília, e não pretende viajar, não precisa se imunizar

JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após as mortes por suspeita de febre amarela, o ministro José Gomes Temporão (Saúde) descartou ontem a possibilidade de o Brasil voltar a registrar febre amarela urbana, erradicada em 1942. Ele disse que os oito casos em investigação, em três Estados (GO, MG e MT) e no Distrito Federal, são ocorrências isoladas e se referem à forma silvestre. No final da tarde, surgiu um novo caso no Paraná (veja texto na pág. C7), totalizando nove suspeitas.
Quatro pessoas morreram, mas em um dos casos, no DF, embora a investigação do ministério continue, a doença está praticamente descartada. Os demais ocorreram em Goiânia, Brasília e Maringá (PR).
"A situação está absolutamente sob controle, não existe nenhum risco de epidemia. Desde 1942 não temos um caso de febre amarela urbana no Brasil e continuamos não tendo. Os casos que aconteceram foram isolados e muito menos que em anos anteriores", disse.
O maior número de registros no Brasil ocorreu em 2000, quando 85 pessoas foram infectadas; em 2003, também houve contágio elevado, com 64 casos. Em 2006, foram dois e, no ano passado, seis.
As mortes dos últimos dias levaram milhares de pessoas aos postos de vacinação no DF e em Goiás. Em muitos locais, acabaram as vacinas. O ministro explicou que a falta se deveu à elevada procura, mas garantiu que o ministério conseguirá atender à demanda pelos postos. Ontem, a Fiocruz liberou mais 2 milhões de doses.
Ele disse que, ainda que sua pasta recomende a vacinação para quem viaja ao DF, o morador do Plano Piloto não tem que se preocupar. "Só [precisa se vacinar] se for para região de mata. [Para] a pessoa que mora no Plano Piloto e não pretende sair dele, não vai viajar para lugar nenhum, não tem sentido."

Pirenópolis ou DF
Temporão descartou a possibilidade de Graco Abubakir, 38, -que morreu na terça-feira, em Brasília, com sintomas da doença e é um dos casos em investigação- ter sido contagiado no Distrito Federal.
"Com certeza, se laboratorialmente for confirmado que foi febre amarela, ele contraiu essa doença ao entrar na mata de Pirenópolis [cidade em Goiás onde ele passou o fim do ano]", disse. A sorologia, que pode confirmar a infecção, deve sair amanhã.
Um dos irmãos de Graco, Tarso Abubakir, afirmou que não é possível dizer onde ele pode ter sido contagiado.
"Estão cometendo uma injustiça muito grande com Pirenópolis, porque ninguém pode precisar com certeza onde foi o contágio. Isso é uma irresponsabilidade muito grande. Ele pode ter contraído, se for mesmo febre amarela, aqui", disse, durante o velório.
Segundo Tarso, o irmão morava numa região do Lago Norte onde há mata e macacos. Também afirmou que, quando Graco chegou à cidade goiana, no dia 29, ele já se apresentava "cansado", o que pode indicar que já estaria doente.
Graco ficou em Pirenópolis até 1º de janeiro e começou a sentir dores de cabeça no dia 2. Como o tempo de incubação da doença é de três a seis dias, não é possível dizer se ele teria sido picado em Goiás ou no DF.
Outro fato que, para a família, reduz a chance de ele ter contraído a doença em Goiás é que Graco viajou com 20 amigos, alguns vacinados e outros não, e apenas ele teve sintomas.
Bastante emocionado, o irmão disse que a família está "baqueada". "O fato de ele ter ido embora vai fazer com que as pessoas que têm que se mexer se mexam e providenciem a vacina para todo mundo", disse.


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