|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARNAVAL
Personagens da União, Mangueira e Portela somam 387 anos
Maiores de 90 marcam desfiles de escolas de samba cariocas
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
Juntos, quatro
personagens do
Carnaval do Rio
deste ano somam 387 anos e,
de um jeito ou
de outro, fazem
de suas vidas
uma marca da festa.
O jornalista Barbosa Lima Sobrinho, 102, foi escolhido como tema
do enredo da União da Ilha do Governador. O sambista Moreira da
Silva, 96, será um dos homenageados pela Mangueira no enredo "O
Século do Samba".
A seu lado estará Carlos Moreira
de Castro, o venerado Carlos Cachaça, 96, único fundador ainda
vivo da escola. E o sócio número
um da Portela, Cláudio Bernardo
da Costa, 93, adiou uma cirurgia
na vista para poder desfilar. É também o único fundador vivo.
Dos quatro, só Barbosa Lima Sobrinho, estreante no samba, ainda
não sabe se vai desfilar, embora
não lhe falte vontade. Tem medo
da emoção na avenida, e a família
aguarda um parecer médico.
A vitalidade de Barbosa Lima
surpreende. Três vezes por semana, ele dá 500 pedaladas na bicicleta ergométrica. Ainda comanda as
sessões da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), entidade que
preside.
Preocupa os filhos quando sobe
na escada para apanhar livros nas
prateleiras mais altas. "Não há
porque se preocupar, eu fui atleta,
sei cair", diz o jornalista, que, na
juventude, foi jogador de futebol
de um clube pernambucano.
Sua receita, além de exercício físico constante, inclui bem-estar
espiritual: "É preciso aceitar as
mudanças do mundo, rebelar-se
contra as injustiças, mas sem querer alterar o que está além do nosso
alcance".
O sambista mangueirense Carlos
Cachaça -que já não faz jus ao
apelido- está preparando o terno
verde e rosa, cores da escola, para o
desfile e sonha com o bicampeonato. Indagado sobre sua longevidade, ri: "Muita farra, muita alegria,
muito samba".
Ele nunca fumou e já não bebe.
Explica que para viver muito e bem
não há receita, "é ir vivendo". Ele
tem problemas de hipertensão e
caminha com alguma dificuldade,
mas a memória é clara. "Ainda me
lembro de como era a Mangueira.
Não tinha nada, era só mato."
Moreira da Silva, inventor do
samba de breque e ainda com
shows em cartaz, está eufórico
com a homenagem mangueirense.
É uma espécie de malandro sem vícios: não fuma, não bebe e tem alimentação leve. "Meu único vício é
mulher. Acho que sexo faz bem para a saúde. Estou dando um tempo
agora, mas nunca tomei Viagra."
Para Cláudio Bernardo da Costa,
da Portela, o segredo é "ter um
temperamento bom, porque a
gente encontra de tudo na vida".
Diz que sempre fumou e bebeu de
forma moderada. "Apesar de ser
do samba, eu não era das noitadas", conta.
Costa diz que, depois do desfile,
fará a operação para tratar a catarata. Não tem medo: "Já vivi tanto,
que, se Deus me der mais Carnavais, vou virar o século".
Texto Anterior: CPI do PPB livra vereador de investigação Próximo Texto: Ser sambista era quase pecado, diz fundador Índice
|