São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2010

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Após chuva, bairro está ilhado há 45 dias

Moradores de Francisco Morato (Grande SP) têm de usar resto de ponte que foi destruída para acessar bairro vizinho

Segundo moradora, no começo de fevereiro grupo foi à prefeitura pedir o conserto da ponte, mas obra ainda não foi iniciada

CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Seis metros de comprimento e dois palmos de largura: é nesse espaço estreito que moradores de Francisco Morato (Grande São Paulo) precisam se equilibrar, há 45 dias, para acessar o bairro vizinho.
É lá que as 150 famílias do Jardim Cachoeira encontram todo o comércio, a escola e os pontos de ônibus da região.
A ponte que passava sobre o córrego Ribeirão Eusébio, que divide os dois bairros, ruiu com uma chuva forte em 25 de janeiro. O pedaço que sobrou da ponte não garante uma passagem segura.
"Um rapaz tentou passar de moto, caiu e quebrou a clavícula. Um senhor de 70 anos caiu e se machucou todo. Uma criança também", diz a jornaleira Sueli da Silva, 40.
Quando chove, o bairro fica praticamente ilhado.

Estrada
No começo de fevereiro, um grupo de moradores foi à prefeitura pedir o conserto da ponte. Eles ouviram do prefeito que a reconstrução da ponte demoraria 90 dias, segundo Sueli. Metade desse tempo já se passou.
Dez dias depois que a ponte caiu, a prefeitura abriu uma estrada de terra em um terreno privado a 20 minutos dali.
É outra opção de saída para os moradores, mas que leva ao centro da cidade, a 8 km de distância dos dois bairros.
A estrada comporta apenas um carro de cada vez e, quando chove, fica intransitável, de acordo com Sueli.
Entre essa estrada, "com chão igual a sabão", e o pedaço de ponte, o aposentado Luiz Carlos Sene, 54, prefere a ponte, apesar de andar com apoio de muletas.
"Se der uma chuva e arrancar o pedacinho que ficou do lado, já não dá para passar mais."
Ele diz que se sente abandonado. "Mesmo quando tinha a ponte, era difícil ambulância chegar aqui."

Ambulância
A moradora Clauderosy Pereira, 34, concorda: "Se precisar de ambulância, socorro, não tem. Não entra mercadoria, não entra material de construção. Parece que a gente está jogado às traças".
Durante os temporais de janeiro passado, ela teve a sua casa invadida por água quando o córrego encheu.
Nas ruas mais altas do Jardim Cachoeira, houve desabamentos. Quedas de árvores cortaram a energia do bairro, que ficou dois dias às escuras porque, sem a ponte, os técnicos não foram até lá consertar os estragos.
Também é comum no local a interrupção das linhas telefônicas, afirmam os moradores.


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