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Após chuva, bairro está ilhado há 45 dias
Moradores de Francisco Morato (Grande SP) têm de usar resto de ponte que foi destruída para acessar bairro vizinho
Segundo moradora, no começo de fevereiro grupo foi à prefeitura pedir o conserto da ponte, mas obra ainda não foi iniciada
CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Seis metros de comprimento
e dois palmos de largura: é nesse espaço estreito que moradores de Francisco Morato (Grande São Paulo) precisam se equilibrar, há 45 dias, para acessar o
bairro vizinho.
É lá que as 150 famílias do
Jardim Cachoeira encontram
todo o comércio, a escola e os
pontos de ônibus da região.
A ponte que passava sobre o
córrego Ribeirão Eusébio, que
divide os dois bairros, ruiu com
uma chuva forte em 25 de janeiro. O pedaço que sobrou da
ponte não garante uma passagem segura.
"Um rapaz tentou passar de
moto, caiu e quebrou a clavícula. Um senhor de 70 anos caiu e
se machucou todo. Uma criança também", diz a jornaleira
Sueli da Silva, 40.
Quando chove, o bairro fica
praticamente ilhado.
Estrada
No começo de fevereiro, um
grupo de moradores foi à prefeitura pedir o conserto da ponte. Eles ouviram do prefeito
que a reconstrução da ponte
demoraria 90 dias, segundo
Sueli. Metade desse tempo já
se passou.
Dez dias depois que a ponte
caiu, a prefeitura abriu uma estrada de terra em um terreno
privado a 20 minutos dali.
É outra opção de saída para
os moradores, mas que leva ao
centro da cidade, a 8 km de distância dos dois bairros.
A estrada comporta apenas
um carro de cada vez e, quando
chove, fica intransitável, de
acordo com Sueli.
Entre essa estrada, "com
chão igual a sabão", e o pedaço
de ponte, o aposentado Luiz
Carlos Sene, 54, prefere a ponte, apesar de andar com apoio
de muletas.
"Se der uma chuva e arrancar
o pedacinho que ficou do lado,
já não dá para passar mais."
Ele diz que se sente abandonado. "Mesmo quando tinha a
ponte, era difícil ambulância
chegar aqui."
Ambulância
A moradora Clauderosy Pereira, 34, concorda: "Se precisar de ambulância, socorro, não
tem. Não entra mercadoria,
não entra material de construção. Parece que a gente está jogado às traças".
Durante os temporais de janeiro passado, ela teve a sua casa invadida por água quando o
córrego encheu.
Nas ruas mais altas do Jardim Cachoeira, houve desabamentos. Quedas de árvores cortaram a energia do bairro, que
ficou dois dias às escuras porque, sem a ponte, os técnicos
não foram até lá consertar os
estragos.
Também é comum no local a
interrupção das linhas telefônicas, afirmam os moradores.
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