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São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

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Corregedoria enfrenta dificuldades

DA SUCURSAL DO RIO

O corregedor-geral das polícias, João Luiz Duboc Pinaud, disse que encontra dificuldades para investigar policiais corruptos porque a Corregedoria Unificada não dispõe de efetivo e de equipamentos que agilizem os trabalhos.
Pinaud chefia uma equipe de 11 policiais, encarregados de esclarecer as circunstâncias de 829 processos. Ele informou ter assumido a Corregedoria Unificada com 1.301 sindicâncias acumuladas, das quais resolveu 472. Entre janeiro e abril, o órgão realizou 67 diligências e quatro prisões.
Para piorar, os policiais não dispõem de equipamentos que seriam fundamentais no trabalho de investigação, como microcâmeras, máquinas fotográficas, material para escutas telefônicas e microfones embutidos. As impressoras não têm tinta.
Embora precisem entrar em favelas para realizar as investigações, os policiais só possuem um fuzil e duas metralhadoras. As armas, apreendidas com traficantes de drogas, são usadas com autorização judicial. "Há uma escassez de equipamentos", disse Pinaud.

Legislação
O corregedor afirmou que a legislação também dificulta a punição de policiais corruptos. Para ele, os suspeitos deveriam ficar presos até a conclusão dos inquéritos policial e do Ministério Público, o que não acontece.
Os PMs, por exemplo, ficam presos até 30 dias. Se até este prazo a sindicância aberta pela corregedoria não apontar irregularidades, eles são soltos. "É necessária a criação de um instrumento que permita que a punição seja imediata. Atualmente, o processo é muito lento", disse.
Para Pinaud, os policiais investigados que ficam soltos acabam atrapalhando a apuração porque, em muitos casos, coagem as testemunhas que os denunciaram.
A Corregedoria Geral Unificada foi criada no governo do hoje secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho (janeiro de 1999 a abril de 2002). Ela tinha como prioridade atuar de modo rigoroso contra a corrupção nas polícias. No entanto, quando Garotinho deixou o cargo de governador para disputar a Presidência da República, havia 500 processos acumulados. (MHM)


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