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Lopes desapareceu há oito dias
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
O jornalista Tim Lopes, 51, desapareceu na noite do último dia 2
na favela Vila Cruzeiro, na Penha
(zona norte do Rio). No dia seguinte, a TV Globo informou em
nota oficial que Lopes tinha ido ao
local fazer uma reportagem sobre
um baile funk promovido por traficantes e no qual haveria uso de
drogas e sexo explícito.
Segundo a nota, Lopes teria
marcado um encontro às 20h
com o motorista que o levou até a
favela. Na hora marcada, o jornalista disse ao motorista que não
havia terminado sua apuração e
pediu que lhe esperasse até as 22h.
Lopes não retornou e não foi
mais visto, de acordo com a nota.
A emissora informou ainda que,
antes de sumir, o jornalista esteve
quatro vezes na favela e chegou a
gravar imagens de baile funk.
No dia seguinte ao desaparecimento, a polícia achou cinzas, pedaços de uma mandíbula e dois
dentes no alto do morro, ao lado
de restos de fitas de vídeo que, segundo a TV Globo, não eram da
câmera portada por Lopes.
No mesmo dia, o inspetor Daniel Gomes, da 22ª Delegacia de
Polícia, recebeu uma informação
por telefone de que Lopes teria sido confundido com um policial
militar, sendo espancado e torturado por 20 traficantes.
O informante disse que Lopes
falou aos agressores que era jornalista. Eles teriam telefonado para o chefe do tráfico no local, Elias
Pereira da Silva, o Elias Maluco, e
recebido ordem de matar o jornalista e queimar seu corpo.
O material encontrado no alto
do morro foi levado para o laboratório Sonda, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro),
para que fosse feito exame de
DNA, na tentativa de identificar
se eram restos do corpo de Lopes.
A comparação será feita com
amostras de sangue colhidas do
irmão e de um filho do jornalista.
O resultado só deverá conhecido
na próxima semana.
Durante a semana, policiais do
Bope (Batalhão de Operações Especiais da PM) e da Core (Coordenadoria de Operações Especiais da Polícia Civil) fizeram buscas na favela Vila Cruzeiro e em
morros próximos, para localizar o
jornalista ou prender suspeitos.
Lopes ganhou o Prêmio Esso de
Jornalismo em 2001 pela reportagem "Feira das Drogas". Filmou
traficantes do complexo do Alemão vendendo drogas na rua em
um horário de grande circulação
de pessoas e veículos.
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