São Paulo, segunda-feira, 10 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Para a polícia do Rio, área onde o jornalista foi morto já foi palco de assassinatos ordenados por Elias Maluco

Outros 60 teriam morrido no mesmo local

MÁRIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Em pouco mais de um ano, cerca de 60 pessoas foram mortas por ordem do traficante Elias Maluco no mesmo local em que o jornalista Tim Lopes, 51, foi assassinado, de acordo com informações da polícia do Rio.
Os crimes teriam sido cometidos dentro de uma gruta na favela da Grota, no Complexo do Alemão (zona norte), conhecida como "microondas". O nome é uma alusão ao forno de microondas porque as vítimas são colocadas em pneus e depois queimadas.
Em entrevista ontem à tarde, um dos suspeitos, Reinaldo de Amaral de Jesus, o Frei, disse que o corpo de Lopes estaria enterrado em um cemitério clandestino situado ao lado do "microondas".
Após obter as informações, a polícia passou a achar que era de outra pessoa o material colhido na segunda na Vila Cruzeiro e submetido a exame de DNA. O material seria de um estuprador morto pelos traficantes no mesmo dia. O resultado deverá ser conhecido na próxima semana.
"Eles [os suspeitos" disseram que o material recolhido na Vila Cruzeiro é, possivelmente, de um morador que estuprou uma menina. O exame de DNA deve dar negativo", afirmou o titular da 38ª DP, Reginaldo Guilherme.
O comandante do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar), coronel Venâncio Moura, disse ontem que havia recebido uma informação de que o corpo do jornalista poderia estar enterrado na favela da Grota. Segundo ele, o Bope fez uma incursão na favela anteontem, mas não localizou nenhum cadáver.

Busca
Hoje a polícia do Rio deverá fazer uma nova operação na favela da Grota para conferir se Lopes foi mesmo enterrado no lugar indicado por um dos suspeitos.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública, a operação reunirá hoje policiais do Bope, 16º Batalhão da Polícia Militar, Core (Coordenadoria de Operações Especiais), 22ª DP (Penha) e 38ª DP (Brás de Pina). Ontem à tarde, após o depoimento dos suspeitos, o secretário da Segurança Pública do Rio, Roberto Aguiar, determinou a ocupação da favela Vila Cruzeiro, onde Lopes foi capturado.
De acordo com a assessoria da secretaria, cerca de 60 policiais do Bope e do 16º BPM ocuparam a Vila Cruzeiro ontem para garantir que o baile funk não fosse realizado. A polícia investiga a informação de que o baile seria comandado pelo presidente da associação de moradores da Vila Cruzeiro.


Colaborou KARINE RODRIGUES, free-lance para a Folha


Texto Anterior: Tim Lopes investigava um baile funk
Próximo Texto: Policiais são mortos no Rio
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.