São Paulo, segunda-feira, 10 de junho de 2002

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Bairro concentra quase cem indústrias e tráfego intenso

DA REPORTAGEM LOCAL

A Vila Carioca faz parte do distrito do Sacomã, pertencente à Administração Regional do Ipiranga (zona sul). A microrregião onde está situada a vila é marcada pela presença de indústrias altamente poluidoras, principalmente do setor petroquímico.
São fábricas de tinta, peças de automóveis, recapagem de pneus, indústrias de alumínio, cobre, ferro e aço, refinarias químicas e de combustíveis, entre outras.
Além disso, o tráfego de caminhões é intenso na região: somente a base da Shell movimenta cerca de 210 veículos por dia.
Segundo dados da Sabesp (saneamento básico), há 99 indústrias no bairro, mais de 220 estabelecimentos comerciais e quase 1.500 casas com água encanada.
A Sabesp estima a população local em 15 mil moradores. Já o Ministério Público acredita que haja 30 mil em um raio de um quilômetro da base da Shell -a disparidade nos números se deve à existência de favelas e regiões sem saneamento básico no bairro.

História
Os detalhes da história do bairro são contados pelos moradores, sozinhos ou organizados em associações. A maioria dos habitantes, dizem eles, está lá há mais de 30 anos. Muitos moravam em casas alugadas no Ipiranga e mudaram para a vila movidos pelo sonho da casa própria -economicamente mais viável lá.
Há até três gerações morando sob o mesmo teto. No mesmo terreno, aliás, é comum haver duas ou três casas, construídas para abrigar também irmãos, primos ou filhos dos donos dos imóveis.
Os moradores fazem questão de salientar que gostam do bairro onde vivem -só querem ser removidos em último caso. Mesmo assim, se precisarem sair do bairro, eles dizem que querem continuar sendo vizinhos.
Os habitantes da vila mantêm uma relação contraditória com a Shell. Criticam o cheiro forte de gasolina, temem doenças, mas não querem que a unidade seja fechada permanentemente. A Shell foi construída na vila em 1951, antes do asfaltamento das ruas ou da água ser encanada no bairro.
Várias famílias têm pelo menos um membro que já trabalhou na base -geralmente em cargos simples: na limpeza, vigilância ou fiscalização de tráfego.
Quase vizinhos da favela Heliópolis -a maior de São Paulo, com 90 mil pessoas-, os moradores reclamam que, se a Shell for embora, o terreno de 134,5 mil m2 da unidade pode virar um "prolongamento da favela". (RE)


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