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Bairro concentra quase cem indústrias e tráfego intenso
DA REPORTAGEM LOCAL
A Vila Carioca faz parte do distrito do Sacomã, pertencente à
Administração Regional do Ipiranga (zona sul). A microrregião
onde está situada a vila é marcada
pela presença de indústrias altamente poluidoras, principalmente do setor petroquímico.
São fábricas de tinta, peças de
automóveis, recapagem de pneus,
indústrias de alumínio, cobre, ferro e aço, refinarias químicas e de
combustíveis, entre outras.
Além disso, o tráfego de caminhões é intenso na região: somente a base da Shell movimenta cerca de 210 veículos por dia.
Segundo dados da Sabesp (saneamento básico), há 99 indústrias no bairro, mais de 220 estabelecimentos comerciais e quase
1.500 casas com água encanada.
A Sabesp estima a população local em 15 mil moradores. Já o Ministério Público acredita que haja
30 mil em um raio de um quilômetro da base da Shell -a disparidade nos números se deve à
existência de favelas e regiões sem
saneamento básico no bairro.
História
Os detalhes da história do bairro
são contados pelos moradores,
sozinhos ou organizados em associações. A maioria dos habitantes, dizem eles, está lá há mais de
30 anos. Muitos moravam em casas alugadas no Ipiranga e mudaram para a vila movidos pelo sonho da casa própria -economicamente mais viável lá.
Há até três gerações morando
sob o mesmo teto. No mesmo terreno, aliás, é comum haver duas
ou três casas, construídas para
abrigar também irmãos, primos
ou filhos dos donos dos imóveis.
Os moradores fazem questão de
salientar que gostam do bairro
onde vivem -só querem ser removidos em último caso. Mesmo
assim, se precisarem sair do bairro, eles dizem que querem continuar sendo vizinhos.
Os habitantes da vila mantêm
uma relação contraditória com a
Shell. Criticam o cheiro forte de
gasolina, temem doenças, mas
não querem que a unidade seja fechada permanentemente. A Shell
foi construída na vila em 1951, antes do asfaltamento das ruas ou da
água ser encanada no bairro.
Várias famílias têm pelo menos
um membro que já trabalhou na
base -geralmente em cargos
simples: na limpeza, vigilância ou
fiscalização de tráfego.
Quase vizinhos da favela Heliópolis -a maior de São Paulo,
com 90 mil pessoas-, os moradores reclamam que, se a Shell for
embora, o terreno de 134,5 mil m2
da unidade pode virar um "prolongamento da favela".
(RE)
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