São Paulo, Segunda-feira, 10 de Julho de 2000
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Promotores vão sustentar ONG

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Um amplo sítio alugado na pequena cidade de Juatuba, região metropolitana de Belo Horizonte, é o local de funcionamento de uma ONG que tem como objetivo tratar meninas que se envolvem com prostituição e consumo de drogas.
Funcionando desde fevereiro do ano passado, a Meninadança sobrevive atualmente com um orçamento mensal de R$ 2.500, oriundos, em quase sua totalidade, de uma instituição inglesa.
Para ampliar a captação de recursos, é aguardada uma parceria com o Ministério Público do Estado, que deve render à ONG, em caso de sucesso, um aporte mensal de mais R$ 20 mil.
O dinheiro da parceria viria de um desconto mensal, a título de contribuição, do salário de promotores de Justiça voluntários da cidade. O acordo deve ser assinado em agosto.
Isso possibilitaria que a Meninadança fosse levada a outros pontos de Minas, principalmente as regiões norte e nordeste, os mais críticos do Estado.
A ONG mantém no sítio de Juatuba, atualmente, seis meninas com passado de violência. Lá, elas passam por terapias de grupo, acompanhamento psicológico, participam de oficinas e outras atividades de inserção social.
De acordo com um dos responsáveis pela ONG, o inglês Matt Roper, 26, o índice de meninas que conseguem largar as drogas ou a prostituição, depois de passar pelo sítio, chega a 80%.
A ONG mantém, além da sede, uma escola de dança na favela Morro do Papagaio, na região sul da cidade, que serve como um ponto de abordagem de meninas que estejam em alguma situação de risco.
Outras formas de abordagem do Meninadança, segundo Roper, consistem em visitas a prostíbulos e conversas com meninas que ficam nas ruas e estradas do Estado, na tentativa de convencê-las a ir para o sítio.
Uma das meninas tratadas na ONG, A.P.F., 12, não pronunciava uma palavra quando chegou ao sítio, em março.
Ela teria sido violentada pelo padrasto desde os 4 anos de idade, em Mariana (110 km ao sudeste de BH), onde morava. Além disso, o padrasto a prostituía.
A menina foi encaminhada ao sítio a pedido do Conselho Tutelar de Mariana, após a mãe ter perdido a guarda da filha, por ter sido conivente com os abusos. O padrasto foi preso.


Texto Anterior: Manaus tem 3.000 menores prostituídos
Próximo Texto: Pesquisa traça perfil em Minas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.