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RIO
Traficante teria confessado, ao ser preso, a autoria do tiro que atingiu aluna; rapaz e oficial que o prendeu negam a confissão
Garotinho diz ter solucionado caso Estácio
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Com a apresentação de Elton
dos Santos, 19, o Batata, a Secretaria Estadual de Segurança Pública
anunciou ter esclarecido o caso
do tiro que atingiu a estudante
Luciana Gonçalves de Novaes, 20,
no campus do Rio Comprido (zona norte do Rio) da Universidade
Estácio de Sá, no dia 5 de maio.
O secretário Anthony Garotinho disse ontem que Santos foi o
autor do disparo. O acusado nega.
A secretaria proibiu que ele fosse
entrevistado. Em depoimento à
DRE (Delegacia de Repressão a
Entorpecentes), Santos disse que
não participou do crime. Foi a
quarta versão sobre a autoria
apresentada para o caso.
"A polícia dá o caso da Estácio
como esclarecido, resolvido",
afirmou Garotinho. A certeza do
secretário se baseia em supostas
declarações de Santos ao ser preso, no último dia 12, por um major e dois sargentos do Serviço Reservado da Polícia Militar.
Ele teria dito aos policiais que,
na manhã em que a jovem foi baleada, havia trocado tiros com um
homem que vendia drogas no pátio do campus. Também teria dito, no momento da prisão, que
não estava mais com a pistola usada naquele dia. A arma, que teria
sido enterrada, não foi localizada.
O major Luiz Carlos Leal Gomes, que prendeu Santos, afirmou, na frente de Garotinho, do
subsecretário Marcelo Itagiba
(novo homem-forte da secretaria) e do chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, que o suspeito não confessou ter atirado na estudante.
"Ele não reconheceu que atirou
na menina", disse o oficial.
Garotinho citou ainda a conclusão do Instituto de Criminalística
Carlos Éboli de que saíram da
mesma arma o tiro que atingiu a
universitária e o que matou, em 6
de junho, o traficante Valério Oliveira, na zona norte.
Santos teria, segundo o secretário, participado do assassinato de
Oliveira. Mais uma vez, o acusado
negou. Assumiu apenas a condição de traficante do morro do Turano, vizinho ao campus.
Com base na suposta confissão
informal e no laudo, Garotinho
disse que a polícia elucidou o crime. Contribuíram, segundo o secretário, denúncias anônimas à
PM de que Santos teria atirado na
jovem e matado Oliveira.
Família
A mãe da estudante, Elena Novaes, pouco falou sobre o suposto
esclarecimento do caso. "No momento, estou mais preocupada
com a cura da minha filha. Se a
polícia está certa ou errada, eu
não sei. Dúvidas, todos nós temos, até pela forma rápida como
foi desvendado o caso."
O Hospital Pró-Cardíaco informou que o estado da jovem continua grave. Ela está tetraplégica.
Embora respire com o auxílio de
aparelhos, ela está lúcida. A bala
atingiu sua mandíbula, alojando-se na coluna vertebral.
A suposta elucidação do crime
provocou reações de ceticismo. O
perito Ricardo Molina disse ter
estranhado a conclusão policial.
Marcelo Campos, diretor da Estácio, afirmou que aguarda um esclarecimento formal, pois, anteriormente, a polícia mudara versões dadas como definitivas.
O promotor Márcio Nobre informou, por meio da assessoria
do Ministério Público do Estado
do Rio, não considerar encerrada
a apuração. Ele não acompanhou
o depoimento de Batata e vai esperar os laudos antes de fazer comentários.
Antecedentes
O delegado Luiz Alberto de Andrade, da DRE, disse que indiciará Santos pelo crime de tentativa
de homicídio contra a estudante.
O caso da morte de Oliveira está
sendo apurado pela 6ª Delegacia.
Santos só tem um antecedente
criminal. Aos 17 anos, foi preso
em Araruama (RJ ) acusado de
participar do assalto a uma joalheria. Foi condenado a três anos
de reclusão, como medida socioeducativa, pelo Juizado da Infância
e da Juventude.
Colaborou MURILO FIUZA DE MELO, da
Sucursal do Rio
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