|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Remoção atrapalhou pesquisadora
DA SUCURSAL DO RIO
A política de remoção de favelas
das áreas nobres do Rio nas décadas de 60 e 70 obrigou a antropóloga americana Janice Perlman a
percorrer várias comunidades para encontrar os mesmos personagens que entrevistou há 35 anos.
Perlman viveu seis meses em
1969 na favela que existia na área
do parque da Catacumba, na Lagoa (zona sul do Rio). Ela acompanhou de perto o processo de remoção forçada dos moradores
dessa favela para áreas distantes
como a Cidade de Deus (zona
oeste) e as favelas Quitungo e
Guaporé (ambas na zona norte).
No local, há hoje prédios de classe
média e alta. A pesquisa deu origem ao livro "O Mito da Marginalidade", editado em 1976 pela editora Paz e Terra.
Além da favela da Catacumba,
Perlman ouviu, na época, moradores da favela Nova Brasília (hoje parte do complexo do Alemão,
na zona norte) e de outras cinco
comunidades em Duque de Caxias (Baixada Fluminense).
Dos 750 entrevistados em 1969,
ela já conseguiu localizar 308
(41%). Para comparar a mudança
entre gerações, entrevistou também os filhos desses moradores.
A favela da Catacumba foi removida em 1970. A remoção foi
vista com bons olhos pela maior
parte da elite carioca. Um episódio do cinejornal "Canal 100" começava assim: "Favela da Catacumba. Quinze mil pessoas vivendo na promiscuidade e na insegurança, cultivando e exibindo a sua
miséria. Mas a favela vai acabar".
Texto Anterior: Favelas do Rio: Medo de tiro substitui o de perder casa Próximo Texto: Açougueiro blinda casa com paralelepípedos Índice
|