São Paulo, sábado, 10 de julho de 2004

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Remoção atrapalhou pesquisadora

DA SUCURSAL DO RIO

A política de remoção de favelas das áreas nobres do Rio nas décadas de 60 e 70 obrigou a antropóloga americana Janice Perlman a percorrer várias comunidades para encontrar os mesmos personagens que entrevistou há 35 anos.
Perlman viveu seis meses em 1969 na favela que existia na área do parque da Catacumba, na Lagoa (zona sul do Rio). Ela acompanhou de perto o processo de remoção forçada dos moradores dessa favela para áreas distantes como a Cidade de Deus (zona oeste) e as favelas Quitungo e Guaporé (ambas na zona norte). No local, há hoje prédios de classe média e alta. A pesquisa deu origem ao livro "O Mito da Marginalidade", editado em 1976 pela editora Paz e Terra.
Além da favela da Catacumba, Perlman ouviu, na época, moradores da favela Nova Brasília (hoje parte do complexo do Alemão, na zona norte) e de outras cinco comunidades em Duque de Caxias (Baixada Fluminense).
Dos 750 entrevistados em 1969, ela já conseguiu localizar 308 (41%). Para comparar a mudança entre gerações, entrevistou também os filhos desses moradores.
A favela da Catacumba foi removida em 1970. A remoção foi vista com bons olhos pela maior parte da elite carioca. Um episódio do cinejornal "Canal 100" começava assim: "Favela da Catacumba. Quinze mil pessoas vivendo na promiscuidade e na insegurança, cultivando e exibindo a sua miséria. Mas a favela vai acabar".


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