|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BUSCA
Rapaz desapareceu há quase quatro anos em São Paulo
"Ninguém imagina que o filho vai sumir sem avisar", diz mãe
da Sucursal de Brasília
Há 1.629 dias a dona-de-casa
Marisa Guimarães espera por
alguma notícia do filho de 29
anos que desapareceu da casa
da família no Campo Belo (zona
sul de São Paulo) em 16 de outubro de 95 sem deixar informação alguma.
Luís Alvaro Rocha Guimarães
era filho do meio e havia voltado
a morar com os pais em São
Paulo depois de passar dois
anos administrando a fazenda
da família em Marília (interior
de SP).
Nos dias que sucederam o desaparecimento, Marisa, o marido e os outros dois filhos percorram a via-crúcis padrão enfrentada por famílias na mesma
situação: visita a hospitais, delegacias e, por fim, ao Instituto
Médico Legal.
"Na hora do desespero, a gente sempre pensa no pior. Ninguém imagina que o filho vai
sumir sem avisar. Quando ele
não volta, a gente imagina logo
que aconteceu um acidente",
conta Marisa.
Hoje, quase quatro anos depois, a mãe de Luís Alvaro diz
ter quase certeza de que o filho
saiu de casa sem deixar notícias
por vontade própria, "para se
fazer sozinho".
"Ele se formou em informática pelo Mackenzie, tinha um
bom emprego, mas largou tudo
para trabalhar na fazenda do
pai. Tentou fazer agronomia,
mas não deu certo e terminou
voltando para cá. Ele não estava
se encontrando", diz.
Mesmo acreditando que o filho está longe por opção e que
um dia dará notícias, Marisa
continua a buscar incessantemente por pistas sobre o paradeiro de Luís Alvaro.
Internet
Colocou a foto do filho na Internet em um site que reúne desaparecidos, espalhou panfletos
por 3.500 lojas em todo o país e
instalou um bina em casa para
conseguir interceptar uma
eventual ligação telefônica de
Luís Alvaro.
Há um ano, Marisa e o marido
receberam um telefonema de
madrugada com supostas informações sobre o paradeiro do filho, que estaria vivendo em
Uberlândia.
"Já tinha recebido várias ligações, mas nenhuma me deu esperanças como aquela. O rapaz
descreveu perfeitamente coisas
particulares dele, fiquei desesperada na ocasião", diz.
O casal voou imediatamente
para Uberlândia, mas não conseguiu localizar o endereço dado pelo rapaz que havia feito a
ligação. "Ele prometeu ligar de
novo no dia seguinte, mas nunca mais recebemos notícias dele.
Nem do meu filho."
Embora não entenda por que
o filho saiu sem deixar nenhum
aviso, Marisa diz que imagina
ter sido uma decisão difícil. "Ele
era uma pessoa amorosa, a gente conversava muito, ele queria
ser voluntário. Se fez isso, é porque não tinha outro jeito."
Há dois anos, a família se mudou da casa no Campo Belo para um apartamento em Moema.
Antes, contou todo o caso ao
novo inquilino. "Para no caso
de o Luís tentar ligar ou aparecer na velha casa. Sei que ele vai
voltar quando estiver bem. É a
coisa que mais quero."
Texto Anterior: 102,2 mil desapareceram em 6 meses Próximo Texto: Delegado é acusado de praticar tortura Índice
|