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POLÍCIA
Investigadora gravou agressão
Delegado é acusado de praticar tortura
WAGNER OLIVEIRA
da Agência Folha, em Curitiba
O delegado e dois detetives da
delegacia de Campo Largo (PR)
estão sendo acusados de torturar
presos. A denúncia foi feita por
uma investigadora, que gravou
seis supostas sessões de tortura
dentro da delegacia.
A investigadora Raquel Bandeira, 45, apresentou nesta semana à
Corregedoria da Polícia Civil denúncia contra o delegado Marcos
Antonio de Oliveira e contra os
detetives Moacir Santos Silva e
Fernando de Freitas, com os quais
trabalhava.
Ela entregou ao corregedor-geral, Annibal Bassan Júnior, duas
das fitas de áudio onde estariam
gravadas as práticas de tortura
contra um suspeito, que ficou
preso dez dias na delegacia de
Campo Largo, no final do maio,
sob acusação de roubo de cargas.
Gritos, pedidos de clemência e
choro podem ser ouvidos nas
duas fitas. "Ai, pára com isso,
doutor. Ai, tá doendo, doutor."
As frases são ouvidas nos cerca
de 11 minutos que duram as gravações das duas fitas apresentadas à corregedoria. A tortura teria
ocorrido em uma sala da delegacia de Campo Largo.
A vítima da suposta tortura foi
identificada e prestou depoimento no início desta semana à corregedoria. A pessoa não pode ser
identificada por motivo de segurança. Ela apresentava cicatrizes
de lesões e foi submetida a exame
de corpo de delito.
O delegado nega as acusações.
Ele disse que a investigadora estava passando informações de investigações a presos que aguardam julgamento na delegacia.
"Quando descobrimos que ela
estava vendendo informações, inventou a história da tortura."
Os dois detetives também negam a denúncia. Ontem, o delegado pediu afastamento do cargo
até a conclusão das investigações.
O pedido foi aceito pelo delegado da Divisão Metropolitana da
Polícia Civil, João Manoel Siqueira Dias. A investigadora e os outros dois policiais também foram
afastados temporariamente.
Raquel Bandeira afirmou que as
sessões de tortura começaram havia dois meses com a transferência de Oliveira para a delegacia de
Campo Largo (região metropolitana de Curitiba).
A investigadora disse que as fitas não apresentam boa qualidade de áudio porque teria ela gravado as sessões de tortura do lado
de fora da sala onde presos eram
interrogados, sem conhecimento
do delegado e dos outros policiais.
A Corregedoria da Polícia Civil
encaminhou as fitas para perícia.
"Temos que conduzir o caso com
bom senso, já que há acusações de
ambas as partes", disse o corregedor-geral. "Os indícios apresentados pela investigadora são bem
fortes", disse.
A investigadora disse que as outras quatro fitas contendo gravações de tortura foram levadas pelo delegado. "Ele as pegou no meu
carro quando descobriu que eu
estava gravando a tortura", disse.
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