São Paulo, Sábado, 10 de Julho de 1999
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VIOLÊNCIA
Juíza decretou prisão provisória por 5 dias; governador afasta 9 policiais
Presos 2 suspeitos de morte em AL

ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió

O governador Ronaldo Lessa (PSB) determinou ontem o afastamento de nove policiais civis de suas funções por tempo indeterminado.
Eles são suspeitos de envolvimento na tortura e assassinato do eletricista e artista plástico José Joaquim Araújo, 45.
Às 19h30, a juíza Elizabeth Carvalho decretou a prisão provisória, por cinco dias, dos policiais Themildo Duarte das Trevas, chefe do 1º Distrito, e Luiz Carlos Albuquerque, chefe do 3º Distrito.
Além de terem sido citados no depoimento de Araújo, como participantes da tortura, eles chefiavam as equipes de agentes das duas delegacias responsáveis pela prisão do eletricista.
Araújo foi preso sob a acusação de ter assassinado o policial civil José de Melo. Após a prisão, Araújo disse que foi espancado por cerca de 20 policiais.
Três dias após ser preso, o verdadeiro autor do disparo que matou Melo, o funcionário público Iramir Salustiano, se entregou à Justiça e confessou o crime.
Anteontem, cerca de 10h após ser libertado, o eletricista foi assassinado com 20 tiros, segundo laudo do IML (Instituto Médico Legal) divulgado ontem.
Lessa recebeu ontem vários ofícios de entidades nacionais e internacionais de direitos humanos cobrando a elucidação do crime.
O ministro da Justiça, Renan Calheiros, colocou a estrutura da Polícia Federal à disposição do governo de Alagoas, mas o governador recusou.
"Se há um grupo de bandidos dentro da polícia, vamos colocá-lo na cadeia. Não quero a Polícia Federal no caso. É essa a polícia que temos e é ela que vai ter que se corrigir", afirmou Lessa.
O secretário da Segurança, Edmilson Miranda, que anteontem afirmou que não afastaria os policiais, mudou de opinião após conversar com Lessa.
Para a polícia alagoana não há mais dúvidas de que Araújo morreu para não identificar seus torturadores.
Em depoimento prestado na última terça-feira à juíza Elizabeth Carvalho, Araújo citou três nomes, os mesmo que tiveram o pedido de prisão temporária solicitado pelo secretário.
Ontem, telefonemas anônimos para a juíza Elizabeth Carvalho informaram que haveria um atentado contra ela no Fórum.
A juíza, o promotor do caso, Carlos Jorge Barros, e o procurador de Justiça do Estado, Lean Araújo, receberam vários telefonemas anônimos com ameaças. Todos estão protegidos por grupos de cinco policiais.


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