São Paulo, sábado, 10 de agosto de 2002

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Planejamento de ação durou 30 dias

DA REPORTAGEM LOCAL

Documento reservado do Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância), que não está no inquérito feito pela Polícia Militar sobre as 12 mortes em Sorocaba (100 km de SP), em março, revela que a preparação do flagrante durou cerca de 30 dias e que a Justiça sabia que a operação contava com a infiltração de presos condenados.
Segundo o ofício do Gradi, encaminhado ao então juiz-corregedor do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais) Maurício Lemos Porto Alves em 12 de março -sete dias depois do confronto-, a ação contou com a participação dos presos Gilmar Leite Siqueira e Marcos Massari.
O documento foi divulgado pela Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP (Ordem dos Advogados do Brasil). "Os criminosos poderiam ter sido presos antes. Foi tudo uma armação para fazer farol e chamar a atenção da mídia", afirmou o presidente da comissão, João José Sady.
Segundo o ofício, a operação começa com Siqueira ligando para membros de uma quadrilha. Depois houve cinco encontros com os criminosos, que tiveram a participação de Siqueira e de dois PMs que atuaram na infiltração.
Em um encontro, o preso e os policiais infiltrados chegaram a ir com integrantes da quadrilha até o aeroporto de Sorocaba, onde pousaria o suposto avião com R$ 28 milhões, que seria o alvo do assalto. Foram feitas fotos e estudada uma eventual rota de fuga.
O ofício do Gradi usa o termo infiltração várias vezes e chega a informar que Siqueira "pilotava as conversações" com a quadrilha. Afastado da função na quarta-feira, Lemos tem recusado pedidos de entrevista à Folha encaminhados ao Tribunal de Justiça.



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