São Paulo, sábado, 10 de agosto de 2002

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CASO TIM LOPES

Acusado de matar o jornalista, Elias Maluco teria sido preso por PMs e libertado após pagar R$ 600 mil

Corregedoria apura suborno de policiais

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

A Corregedoria Geral de Polícia Unificada da Secretaria de Segurança Pública do Rio investiga reservadamente a informação de que o traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, para não ser preso, teria pago R$ 600 mil a policiais militares do 7º Batalhão (São Gonçalo, a 20 km do Rio).
Elias Maluco, 36, é o criminoso mais procurado do Rio. De acordo com a investigação, ele teria sido preso há duas semanas em São Gonçalo. Não foi para a cadeia porque teria subornado os PMs.
O corregedor Aldney Peixoto afirma que Elias Maluco teria sido capturado na localidade de Luiz Caçador. A informação foi dada na hora pelo serviço Disque-Denúncia. Foi montada uma operação de emergência com agentes da Corregedoria e da Subsecretaria de Inteligência, que foram ao bairro, mas nada encontraram.
Peixoto desconfia da possibilidade de a operação ter vazado, dando tempo de os PMs e Elias Maluco fugirem .
O suposto envolvimento de policiais com Elias Maluco vem sendo apurado pela Corregedoria desde que as primeiras suspeitas de que o criminoso assassinara o jornalista Tim Lopes, no dia 2 de junho. Peixoto disse que policiais, inclusive civis, de outras unidades também são investigados.
"Se Elias Maluco está circulando por várias favelas, desconfio que esse deslocamento está sendo favorecido por policiais", disse.
O comandante do 7º Batalhão, tenente-coronel Ricardo Furtado, disse desconhecer a denúncia feita à Corregedoria. A unidade tem 800 policiais. O secretário de Segurança Pública, Roberto Aguiar, já admitiu a hipótese de o traficante estar sob proteção de policiais corruptos.

Outras ações
Há 15 dias, a polícia estourou no complexo do Alemão (zona norte) um laboratório de refino de cocaína da quadrilha do traficante refinava cocaína. No local, havia um caderno de anotações que indica que o bando pagava propinas de R$ 500 a R$ 1.000 para policiais do 16º Batalhão (Olaria).
Traficantes do morro da Formiga (Tijuca, zona norte) ordenaram ontem o fechamento de 25 lojas na rua Conde de Bonfim, a principal do bairro, e da Escola Municipal Barão de Itacuruçá.
A ordem foi um sinal de luto pela morte de Ricardo Victor dos Santos, o Cuco, anteontem em um tiroteio com policiais da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas, na favela de Vigário Geral (zona norte). No confronto, morreu também Maurício Lima Matias, o Boizinho, um dos nove indiciados pela morte de Lopes.



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