São Paulo, segunda, 10 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEGURANÇA
Lei obriga governo do Estado a proporcionar atendimento
gratuito a membros das Polícia Civil e Militar

Rio deverá pagar psicólogo
para policiais

SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

Os cerca de 40 mil policiais civis e militares do Estado do Rio de Janeiro têm agora o direito de serem submetidos a tratamento psicológico gratuito.
A possibilidade de tratamento psicológico foi instituída por lei sancionada pelo governador Marcello Alencar (PSDB).
O modo como esse serviço será implantado, entretanto, está causando polêmica nas Polícias Civil e Militar.
Enquanto as entidades representativas dos profissionais das polícias comemoram a criação da lei, a cúpula da SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado do Rio não se mostra tão animada com a novidade.
De autoria da deputada estadual Alice Tamborindeguy (PSDB), a lei prevê a assinatura de um convênio entre a SSP e o Sindicato dos Psicólogos do Estado do Rio, para que os policiais passem a ter atendimento psicológico.
A lei estabelece que o Estado bancará os custos dos tratamentos dos policiais.
Pela lei, caberá ao sindicato credenciar consultórios, clínicas e psicólogos que trabalharão no atendimento.
Na terça-feira passada, dirigentes sindicais se reuniram com o secretário estadual de Segurança, coronel Noaldo da Silva, e com o subsecretário de Planejamento Operacional, coronel João Leite, para uma conversa sobre a implementação da lei.
Silva pediu ao sindicato que apresente um orçamento dos gastos previstos.
Ele também enviou à Polícia Militar, à Polícia Civil e ao Corpo de Bombeiros pedidos de informações para saber ser já é prestado atendimento psicológico aos funcionários das instituições.
Concorrência
À Folha, o coronel Leite afirmou que a lei sancionada pelo governador será cumprida, mas que o convênio com o sindicato corre riscos.
"Expedimos documentos aos comandos perguntando se o serviço de psicologia já existe. Se não houver, será criado. Cumpriremos a lei. Só que há uma lei maior, a das licitações (lei federal 8.666). Faremos uma tomada de preços, da qual o sindicato poderá participar", disse.
Atualmente, Polícia Civil não presta qualquer tipo de atendimento psicológico aos cerca de 13 mil funcionários.
Nos hospitais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, funcionam serviços de psicologia, de âmbito restrito.
Para o inspetor de Polícia Civil e psicólogo Marcius de Carvalho, 52, o policial precisa ter assistência psicológica permanente, de modo a amenizar as sequelas mentais do trabalho violento que exerce.
"Quando um policial mata uma pessoa, mesmo um bandido, sente-se angustiado. É natural do ser humano", afirmou o inspetor.
"Se ele não sente essa angústia, não é policial. É um psicopata. O policial precisa ter a quem recorrer caso sinta necessidade", disse Carvalho.
Até a próxima sexta-feira, o Sindicato dos Psicólogos planeja apresentar ao secretário de Segurança um documento com os custos previstos para que o projeto seja implementado.
Será enviada também uma relação de psicólogos credenciados para atender os policiais.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.