São Paulo, segunda, 10 de agosto de 1998

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"Não consigo parar",
diz policial

da Sucursal do Rio

Soldado da Polícia Militar há cinco anos, S., 29, disse à Folha na quinta-feira passada que todos os dias consome cocaína e bebe cachaça e cerveja antes, depois e até mesmo durante o serviço.
S. está disposto a procurar apoio psicológico na própria corporação, mas teme atrapalhar seu futuro profissional.
"Tenho consciência de que estou prejudicando minha saúde e minha carreira, mas, infelizmente, não consigo parar. Quero procurar ajuda, mas acho que vou me prejudicar. Vou ficar com a marca de policial viciado", disse ele.
O soldado contou ter começado a beber e a se drogar por volta dos 17 anos. Desde essa época tem consumido álcool e cocaína diariamente. S. afirma que não gasta nada com a bebida e a droga.
"Bebo de graça nos botequins. Arrumo a cocaína com viciados e nas "bocas' (pontos-de-venda) dos locais em que faço patrulha."
Lotado no batalhão de uma cidade na periferia do Rio, S. conta já ter participado de "um monte" de operações sob efeito de cocaína. Operações que resultaram em tiros e mortes.
Ele afirma que alguns colegas de corporação também têm o hábito de usar drogas, principalmente cocaína, para trabalhar. "Não acho que o pó dê coragem. A coragem é coisa que cada um tem. O que a droga dá é disposição." (ST)



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