São Paulo, segunda, 10 de agosto de 1998

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DIPLOMACIA
Ministério deve recadastrar brasileiros no exterior para evitar falta de assistência em calamidades e emergências
Itamaraty quer registrar
imigrante brasileiro

RENATA GIRALDI
da Sucursal de Brasília

O Ministério das Relações Exteriores quer recadastrar os brasileiros que vivem no exterior para evitar que falte assistência a eles em caso de calamidades e emergências. Dados de 96 indicam que 1,5 milhão de brasileiros moram fora do país, mas o número real é desconhecido.
Também não há um cálculo exato de quantos brasileiros estão vivendo irregularmente em outros países. Para o Itamaraty, essa falta de informação impede a ajuda que poderia ser prestada.
Baseado em informações desses cadastros, recentemente foram retirados grupos de brasileiros de Guiné-Bissau, em decorrência da guerra civil na região e, no ano passado, da Albânia por causa de confrontos armados.
Com o cadastro, o consulado terá condições de entrar em contado com a família do imigrante no Brasil. Esse alerta está em centenas de cartilhas preparadas pelo Itamaraty dirigidas para aqueles que pretendem viajar ou morar no exterior (à disposição nos consulados e agências de viagem).
Segundo o embaixador Lúcio Amorim, diretor-geral de Assuntos Consulares, Jurídicos e de Assistência a Brasileiros no Exterior do Itamaraty, o objetivo não é discriminar e sim ajudar. "O que interessa para nós, é tratar bem o cidadão brasileiro. Não perguntamos se ele está legal ou ilegal, mas sim o que podemos ajudar", diz.
Muitos brasileiros deixaram o país, principalmente nos anos 80, para fugir da crise econômica. Só que com a diferença de que a maioria deles planejou voltar para o Brasil.
"O brasileiro gosta mesmo é do Brasil. Ele está fora à procura de melhores oportunidades, quando atinge suas metas, volta", disse Amorim.
Os brasileiros que vivem no exterior, em geral, são alvo de elogios e comentários positivos porque evitam criar problemas que provoquem a interrupção de seus planos e um retorno forçado ao Brasil. Há cerca de mil brasileiros presos fora do Brasil -principalmente em decorrência de processos envolvendo porte ou tráfico de drogas.

Despesas

A assistência prestada pelos consulados não inclui pagamento de despesas nem de serviços jurídicos. Os brasileiros processados são orientados a procurar um advogado. Segundo o Itamaraty, não é possível fazer mais porque há um orçamento limitado -para 98 foram destinados R$ 1,13 milhão.
O dinheiro é utilizado para pagar refeições, estadia provisória para pessoas sem condições financeiras e passagens de volta para o Brasil. Há situações em que o consulado faz o empréstimo para depois a família ressarcir.



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