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USOS E ABUSOS
Fechado vira chado para operador da Bolsa de SP
da Reportagem Local
A capacidade de síntese e a
necessidade de facilitar a comunicação são fatores que levam profissionais de determinadas áreas a adaptar palavras
de outras línguas ou mesmo a
criar termos.
É o que ocorre na Bolsa de
Valores de São Paulo, onde os
operadores usam "chado" em
lugar de "fechado". "É mais
fácil e ajuda quando a gente
tem que fechar dez negócios ao
mesmo tempo e não pode perder o lote", diz Carlos Alberto
Alves de Souza.
"É quase uma língua própria, criada, e que se aprende
aqui dentro", diz o operador
da bolsa Ivaldo Cervelli.
Na informática esse processo
é comum, diz Heinar Maracy,
editor da revista Macmania,
especializada em computadores MacIntosh. "O que é mais
fácil dizer: 'becapar' ou "fazer cópias de segurança'?",
pergunta ele.
Além de "becapar', Maracy
costuma usar em sua revista
expressões como "restatar a
máquina", em lugar de inicializar o computador.
"A língua portuguesa acaba
correndo atrás dos termos porque eles se generalizam com
rapidez. E o inglês acaba prevalecendo, torna-se uma língua
universal."
Pessoas ligadas ao meio dos
investimentos e negócios vivem uma realidade parecida.
"Há uma intensificação do
processo de criação de termos
por causa da internacionalização e da velocidade com que as
informações são transferidas", diz Renato Raglione, diretor do Unibanco.
Em seu caso, a maior parte
dos termos que usa em seu
dia-a-dia são neologismos, que
acabam compondo um jargão.
"Um termo como "trading'
designa uma operação de compra e venda. Ele cria uma possibilidade de síntese que não
existe na língua portuguesa."
(MAv)
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