São Paulo, quinta, 10 de setembro de 1998

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USOS E ABUSOS

Fechado vira chado para operador da Bolsa de SP

da Reportagem Local

A capacidade de síntese e a necessidade de facilitar a comunicação são fatores que levam profissionais de determinadas áreas a adaptar palavras de outras línguas ou mesmo a criar termos.
É o que ocorre na Bolsa de Valores de São Paulo, onde os operadores usam "chado" em lugar de "fechado". "É mais fácil e ajuda quando a gente tem que fechar dez negócios ao mesmo tempo e não pode perder o lote", diz Carlos Alberto Alves de Souza.
"É quase uma língua própria, criada, e que se aprende aqui dentro", diz o operador da bolsa Ivaldo Cervelli.
Na informática esse processo é comum, diz Heinar Maracy, editor da revista Macmania, especializada em computadores MacIntosh. "O que é mais fácil dizer: 'becapar' ou "fazer cópias de segurança'?", pergunta ele.
Além de "becapar', Maracy costuma usar em sua revista expressões como "restatar a máquina", em lugar de inicializar o computador.
"A língua portuguesa acaba correndo atrás dos termos porque eles se generalizam com rapidez. E o inglês acaba prevalecendo, torna-se uma língua universal."
Pessoas ligadas ao meio dos investimentos e negócios vivem uma realidade parecida.
"Há uma intensificação do processo de criação de termos por causa da internacionalização e da velocidade com que as informações são transferidas", diz Renato Raglione, diretor do Unibanco.
Em seu caso, a maior parte dos termos que usa em seu dia-a-dia são neologismos, que acabam compondo um jargão. "Um termo como "trading' designa uma operação de compra e venda. Ele cria uma possibilidade de síntese que não existe na língua portuguesa." (MAv)



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