São Paulo, quinta, 10 de setembro de 1998

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Comerciantes revelam que reformas eram constantes

da Reportagem Local

Locatários de lojas da galeria Glamour afirmaram ontem à polícia que o galpão onde funcionava a Universal passava por constantes reformas.
A maior delas, para instalação do forro acústico e outros reparos no telhado e nas paredes do prédio, durou, pelo menos, dois anos e meio.
"Quando me instalei lá, há dois anos e meio, eles já estavam reformando o salão. Eles fizeram a forração e outras coisas. Essa obra acabou no final do ano passado", declarou o comerciante Geraldo Barbosa. A mesma informação foi passada por Vladimir Mario Gria, que tem uma livraria no local. "Ele reformavam o prédio constantemente", afirmou.
Essa foi a principal descoberta do primeiro dia de depoimentos. A polícia quer saber, agora, o que motivou a Universal a reformar novamente o forro e o telhado há cerca de três meses, como afirmou o bispo Reinaldo Santos Suisso no último sábado. Além disso, se as reformas eram constantes, por que as placas de fibra de vidro continuavam se desprendendo, como ocorreu dez minutos antes do desastre?

Água, cupim e podridão
O IC (Instituto de Criminalística) de São Paulo encontrou água, fungos (provenientes de infiltração), madeira podre (envelhecimento ou infiltração) e indícios da presença de cupins nas amostras de madeira da estrutura do telhado recolhidas para a perícia.
As descobertas dos peritos, que podem compor e explicar os motivos da tragédia, foram feitas após as primeiras análises laboratoriais da parte interna do material, iniciadas anteontem. O IC está de posse, entre outras coisas, da tesoura principal e de metade da viga central do telhado do templo.
Todos esses elementos -separados e, principalmente, somados- podem ter sido os ingredientes vitais para a composição da única coisa certa até o momento: a perda de resistência que fez com que a viga central do templo quebrasse ao meio. (CRISPIM ALVES)



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