São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 2002

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SAÚDE

Desafio do Projeto Nascer é sensibilizar profissionais de saúde para a necessidade de fazer teste de HIV em gestantes

Projeto do governo amplia atendimento

DA REPORTAGEM LOCAL

Um projeto do Ministério da Saúde quer reduzir a menos de 8% o risco de as gestantes com HIV transmitirem o vírus para seus filhos. O Projeto Nascer, como foi batizado, pretende ampliar a detecção e o tratamento do HIV e da sífilis em mulheres grávidas, além de tratar seus bebês.
O projeto prevê a compra de mais 335 mil kits de testes rápidos para mulheres que chegam às maternidades sem exame de HIV. Esses testes vêm sendo disponibilizados à rede pública desde março. Também prevê leite especial para bebês, para que suas mães não precisem amamentá-los.
O mais importante do programa -dizem os médicos- é a sensibilização dos profissionais de saúde para um atendimento mais humanizado.
Em São Paulo, a Secretaria Municipal da Saúde iniciou em junho um projeto para controle da transmissão vertical e da sífilis congênita. Em setembro, foram treinados profissionais de maternidades que atendem pacientes particulares e de convênio.
"Agora, estão sendo treinados profissionais de diferentes áreas, e o objetivo é chegar ao Programa Saúde da Família e às unidades básicas de saúde", afirma Orival Silva Silveira, do programa DST/ Aids da Prefeitura de São Paulo.
"A falta de sensibilidade do médico e a dificuldade em oferecer o teste HIV são os fatores que explicam o grande número de crianças que ainda nascem com o vírus", diz Edvaldo Souza, coordenador do Centro de Referência Nacional para a Aids do Instituto Materno Infantil de Pernambuco (Imip).
No Recife, cerca de 25% a 30% das mulheres grávidas chegam à maternidade sem ter feito o pré-natal. Outras 10%, mesmo tendo o pré-natal, não fizeram o exame. "Estimamos que 40% dessas mulheres teriam que passar pelo teste rápido", diz Souza.
No Estado de Pernambuco, como no Nordeste e no Norte, o médico estima que o número de mulheres que fazem o pré-natal não passa de 50%. "Felizmente, o número de portadores nessas regiões ainda é bastante pequeno."
Uma das práticas adotadas por Pernambuco foi dar prioridade aos exames das gestantes nos laboratórios públicos, apressando os resultados.
Souza, que é um dos instrutores do Projeto Nascer, diz que o treinamento no Estado começa em novembro. Para ele, sensibilizar os profissionais, especialmente as enfermeiras, é fundamental para mudar o quadro. "Em alguns lugares, fala-se em testes sem nenhum aconselhamento. Às vezes, a pessoa não sabe o que é isso."
(AURELIANO BIANCARELLI)


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