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Exército ocupa fronteira em ação antitráfico
Nos limites com Bolívia e Paraguai, cerca de 1.600 km serão vigiados para combater entrada de armas e drogas no país
Haverá barreiras simultâneas nas estradas e acessos entre os países e os Estados de MT e MS; a operação deve durar até a próxima sexta-feira
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A PUERTO SUÁREZ
(BOLÍVIA)
O Exército ocupa hoje a fronteira dos Estados de Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul
com Bolívia e Paraguai na tentativa de impedir a entrada de
drogas e armas para as facções
criminosas que atuam no Sudeste, especialmente no Rio.
Desde 2005, o Exército já
realizou quatro ações do tipo,
sem sucesso. As quadrilhas
continuam a trazer dos países
vizinhos armas como metralhadoras, fuzis e pistolas, além
de maconha e cocaína, para as
facções CV (Comando Vermelho), TC (Terceiro Comando) e
ADA (Amigo dos Amigos), no
Rio, e PCC (Primeiro Comando
da Capital), em São Paulo.
Desta vez, o planejamento
prevê a destruição com retroescavadeiras e até dinamite de
trilhas que ligam o território
boliviano a Corumbá (MS). É
por ali, diz a polícia do Rio, que
ingressa no Brasil parte das armas usadas por traficantes.
Na Bolívia, o foco do tráfico
de armas é a região de Puerto
Suárez, a 11 km do marco da
fronteira seca em Corumbá. De
lá alcança-se o Brasil com facilidade, por via terrestre e fluvial. O policiamento no lado da
Bolívia inexiste. No Brasil, é
precário. Em Corumbá, os efetivos da PF (Polícia Federal),
com 40 policiais, e da Polícia
Civil, com 50, são considerados
insuficientes pelos próprios delegados que os comandam.
Em área, Corumbá é o maior
município sul-matogrossense.
São 65.165,8 km2, dois terços
desabitados por causa da extensão do Pantanal.
Da operação deflagrada hoje
pelo Exército com o nome de
Cadeado, participam PF, Polícia Rodoviária Federal, Receita, polícias Civil e Militar dos
dois Estados, Marinha e Ibama.
Na região de Corumbá, o
Exército vai atuar com 450 homens, com o apoio de lanchas,
para o bloqueio do rio Paraguai
e afluentes, ao longo de cerca
de 400 km de fronteiras.
Ao todo, cerca de 1.600 km
de fronteiras serão vigiados em
MT e MS. Haverá barreiras simultâneas nas estradas e acessos entre os países. A operação
deve durar até a próxima sexta.
A PF, a Polícia Civil e o Exército mantiveram entendimentos prévios sobre a operação
com a Polícia Boliviana, em
Puerto Suárez. A intenção era a
de que os bolivianos fizessem
uma fiscalização mais efetiva
ao longo desta semana, o que,
até ontem, não estava definido.
O quartel da Polícia Boliviana na cidade é desprovido de
equipamentos. Não há sequer
um telefone capacitado para ligações internacionais. O único
número disponível é o 110, para
chamadas de cidadãos na Bolívia que precisem de ajuda.
Para manter-se em contato
com o comando de Fronteira
Policial da Polícia Boliviana em
Puerto Suárez, os policiais brasileiros cederam um celular ao
coronel Osvaldo Peláez Ramos.
Também não há computadores
ligados à internet no quartel.
A 100 m da sede municipal
da Polícia Boliviana há um cais
de madeira de onde zarpam
embarcações que seguem para
o Brasil, pela laguna Cáceres e
pelo canal Tamengo, até chegar
ao rio Paraguai. Não há nenhuma vigilância ou fiscalização
sobre o que elas carregam.
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