São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 2000

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FEBEM
Governador exonerou diretor de unidade por causa do resgate de menor infrator; presidente da fundação assumiu erro
Fuga de acusado de homicídios causa crise

DA REPORTAGEM LOCAL

O resgate, na última segunda-feira, do menor F.P., 17, o Batoré, provocou uma crise na Febem de São Paulo na semana passada. Ele é acusado de ter matado 15 pessoas (inclusive três policiais) e de ter participado de cerca de 50 sequestros relâmpagos.
Na quinta-feira, o governador Mário Covas exonerou Francisco Antônio Teodoro do cargo de diretor da unidade 31 da Febem de Franco da Rocha (Grande SP), onde o adolescente estava internado. De acordo com a presidência da instituição, ele foi negligente no caso Batoré.
Em repúdio à decisão, funcionários das unidades de Franco da Rocha paralisaram as atividades no início da tarde de quinta. No complexo, estão os menores infratores mais perigosos.
Teodoro, porém, não foi demitido da fundação. Ele só está afastado da direção da unidade até que seja finalizada uma sindicância interna sobre o ocorrido, o que deve acontecer em 20 dias.
Batoré foi resgatado por três homens armados quando era transportado, numa perua da Febem, para o Fórum da Infância e da Juventude, no centro de São Paulo, onde aconteceria sua audiência com o juiz da 2ª Vara. Ele estava acompanhado por dois agentes de proteção desarmados.
Apesar de Batoré ser considerado um interno perigoso (já fugiu pelo menos sete vezes da Febem), não foi solicitada uma escolta policial. Os monitores da instituição são proibidos de portar armas.
Na terça-feira, quando Covas determinou ao presidente da Febem, Benedito Duarte, que apontasse os culpados pela fuga de Batoré em 24 horas, Duarte assumiu que a fundação havia errado em não pedir a escolta.
Um comunicado publicado no Diário Oficial do Estado na sexta-feira determinava que, a partir daquela data, a transferência de menores internos deverá ser feita com escolta da PM.
Batoré tem oito passagens pela Febem. Em sete delas o menor foi detido por meio de operações de busca e apreensão. Na instituição, ele é conhecido como Binho. O adolescente agia na zona leste, é filho de uma cozinheira e tem um casal de irmãos sem passagens pela polícia ou pela Febem.
Ele nega que tenha matado 15 pessoas e alega que a confissão foi feita à polícia sob tortura.
Na Promotoria, Batoré mostrou marcas nos pulsos e nas costas. Segundo ele, os sinais foram feitos na confissão. (MARIANA VIVEIROS)


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