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FEBEM
Secretário da Segurança Pública discorda e propõe que seja feito teste psicológico para medir consciência do crime cometido
Técnicos se opõem a reduzir maioridade
DA REPORTAGEM LOCAL
Na opinião de especialistas na
questão da violência e em direitos
das crianças e dos adolescentes, a
saída para barrar o aumento das
internações de menores por crimes como o homicídio passa por
políticas públicas voltadas para a
infância e a juventude. A proposta
de redução da maioridade penal
não é a solução, afirmam.
Uma das razões apontadas é o
fato de os crimes graves cometidos por jovens serem uma parcela
muito pequena das infrações. "Só
10% dos crimes são praticados
por menores. A redução da maioridade penal não vai diminuir em
quase nada a criminalidade", afirma Cláudio Augusto Vieira da Silva, presidente do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente).
Outro argumento é que os jovens infratores têm uma probabilidade maior de se reabilitar, por
isso não deveriam ser confinados
em prisões, onde não têm acesso
às medidas socioeducativas que a
Febem deveria oferecer.
Febem x sistema carcerário
"Superar as deficiências da Febem é bem mais simples que resolver os problemas do sistema
carcerário brasileiro", afirma Denis Mizne, diretor-executivo do
Instituto Sou da Paz.
Ele ressalta ainda que, por conta
do contato que propicia com criminosos mais perigosos, os presídios se tornariam escolas da violência para os jovens infratores.
Uma voz dissonante é a do secretário Marco Vinicio Petrelluzzi. Ele defende que jovens acima
de 16 anos que cometeram crimes
graves sejam submetidos a um
teste psicológico que avalie o grau
de consciência que têm do ato infracional praticado.
"Esse exame determinaria se o
menor pode ou não ser condenado", diz Petrelluzzi. O secretário
afirma que a medida teria o benefício de inibir o crime entre os jovens, sem colocar todos na cadeia.
"Se a redução da maioridade
penal funcionasse como estratégia do terror para coibir o crime,
não teríamos tantos jovens entre
18 e 19 anos nas prisões", contra-argumenta o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral da Criança.
Para ele, a defesa da medida por
grande parte da população e por
políticos é uma maneira cômoda
de a sociedade tapar o sol com a
peneira. Mizne concorda.
"Os adolescentes da periferia
precisam de novos símbolos, de
novos ídolos. Hoje eles veneram
criminosos e traficantes porque
são os únicos que conseguem algum tipo de projeção social. Mas
poderiam se mirar em cantores de
hip-hop, grafiteiros e esportistas
se houvesse uma política pública
de incentivo às artes e esportes
nas regiões mais afastadas", completa.
(MARIANA VIVEIROS)
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