|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DROGAS
Pesquisa sugere combate por tipo de tóxico e sem negar que dá prazer
Comercial na TV é ineficaz, indica estudo
ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Campanhas de TV são ineficazes contra as drogas, também não
adiantam slogans do tipo "tô fora", "nem morto" ou "diga não".
Nem tampouco dá resultado falar
genericamente em drogas, cada
uma requer um foco diferente, e a
estratégia muda para maconha,
cigarro, cocaína, crack ou álcool.
Essas são conclusões da pesquisa "Drogas, Juventude e Mídia",
divulgada na última terça-feira, o
mais recente levantamento da
ONG Associação Parceria contra
Drogas, uma entidade que, nos
últimos anos, fez comerciais de
TV e criou o slogan "drogas, nem
morto" -com a mão espalmada
em sinal de pare.
A pesquisa foi qualitativa: usou
o método Delphi (de entrevistas
longas), com especialistas da área
em diversas cidades, e pôs antropólogos acompanhando consumidores jovens em São Paulo.
Além de minar velhas estratégias de combate, o estudo derruba
também alguns mitos e tabus.
Segundo as conclusões, a maconha não é "a porta de entrada que
vai levar para drogas mais pesadas"; o marketing do tráfico é
quase imbatível; e a sociedade
precisa perder a hipocrisia e assumir que existe um lado prazeroso
nas drogas, para poder combatê-las seduzindo os jovens com opções melhores.
"A propaganda do "não" só incentiva a transgressão e qualquer
outro tipo de sensação que não a
de evitar a droga ou deixar de usá-la", diz a antropóloga Oriana
White, responsável pelas entrevistas com os especialistas.
"Não sabemos exatamente como fazer o combate. A pesquisa
foi feita para lançar um novo
olhar sobre o problema. Queremos agora uma ampla discussão
na sociedade", completou ela.
Participaram do levantamento
o ex-secretário nacional antidrogas Walter Maierovitch; o ex-presidente do Confen (Conselho Federal de Entorpecentes) Luiz Matias Flach; o secretário executivo
do Ilanud (Instituto Latino-Americano da ONU para a Prevenção
do Delito e Tratamento do Delinquente) no Brasil, Oscar Vilhena
Vieira; o diretor do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas e Psicotrópicos), Elisaldo Carlini; psicólogos, psicanalistas, jornalistas, cientistas sociais
e o ex-jogador de vôlei da seleção
Xandó, que tem projetos sociais.
A pesquisa aponta que campanhas na mídia precisam de continuidade, ser críveis e só funcionam dentro de um projeto maior
de mobilização social e educação.
Também não devem criar pânico
ou terror nem negar o lado prazeroso da droga, mas mostrar opções melhores. "Criar caminhos
em que a cultura e os valores não
contemplem a droga; valorizar o
jovem e envolvê-lo em projetos
maiores, como esporte, cidadania
e solidariedade."
Texto Anterior: Futura administração: "Exilados do PAS" querem recompensas Próximo Texto: Droga segue o padrão de vida Índice
|