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VIOLÊNCIA
Segundo a PM, aumento está relacionado aos pequenos delitos; índice de homicídios cresceu 73,4% desde 1991
Roubos em BH aumentam 368% na década
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A taxa de assaltos à mão armada
em Belo Horizonte cresceu
368,5% na década de 90. O índice,
que em 1991 era de 105,93 por grupo de 100 mil habitantes, atingiu
496,32 no ano passado. O levantamento foi feito por pesquisadores
da Fundação João Pinheiro, órgão
do governo mineiro, que afirmam
que essa tendência deve se acentuar neste ano.
O índice de homicídios por grupo de 100 mil habitantes na capital
mineira também cresceu 73,4%
no período de 1991 a 1999. Passou
de 11,43 para 19,82, embora continue abaixo da média nacional,
que é de 25 por grupo de 100 mil
habitantes, de acordo com levantamentos feitos por organizações
não-governamentais.
Nos casos de assalto à mão armada, houve redução do número
de crimes apenas em 1995. Nos
demais anos, o crescimento se
manteve. De 1998 para 1999, ele
foi de 37,65%.
O aumento da criminalidade,
especialmente os assaltos, está assustando a população belo-horizontina, que tem pressionado a
Polícia Militar, responsável pelo
policiamento ostensivo, para que
ela coíba a onda de violência com
ações mais firmes.
O sociólogo Luís Flávio Sapori,
pesquisador da Fundação João
Pinheiro, diz que a situação é
"grave e preocupante" e que "tudo aponta que no ano de 2000 a
tendência venha a se acentuar".
Mas ele diz que a capacidade de a
Polícia Militar mudar essas taxas é
"relativamente pequena".
Essa avaliação está ancorada no
"estrangulamento muito claro e
muito sério" do sistema prisional
do Estado, de maneira que a superlotação afeta diretamente o
que ocorre na atuação policial.
"Pode aumentar a eficiência da
Polícia Militar, seja prevenindo
ou aumentando o número de detenções, mas, por falta de vagas,
muitos flagrantes não são realizados nas delegacias", disse Sapori.
Isso significa que as pessoas que
praticaram furtos e roubos, respondendo aos processos em liberdade, continuam nas ruas praticando novos crimes.
"A eficiência dela (PM) não tem
implicações e continuidade ao
longo do fluxo do sistema da Justiça criminal. Há um equívoco em
pensar que a sofisticação da PM
vai ser capaz de reverter a tendência de crescimento dos crimes
violentos nas grandes cidades de
Minas. Há um limite estrutural
para esse fenômeno. A PM só pode ir a um certo ponto."
O comandante do CPC (Comando de Policiamento da Capital), da Polícia Militar, coronel Severo Augusto Neto, disse que a
presença física do policial na rua é
apenas "um dos fatores" de inibição do crime. Segundo ele, a questão carcerária e principalmente a
ação de políticas sociais podem
contribuir de fato para a redução
da criminalidade.
Segundo a Polícia Militar, o aumento dos índices de assalto à
mão armada na capital mineira
está relacionado principalmente
aos pequenos delitos, que vão de
R$ 100 a R$ 2.000. São praticados
quase sempre por adolescentes e
jovens com até 25 anos.
Os motivos principais para os
crimes são dívidas com drogas ou
para sustentar o próprio vício. E
quase a totalidade dos homicídios
ocorrem nas áreas de conglomerados urbanos e em favelas, dos
quais de 65% a 70% estão relacionados à questão das drogas.
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