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Apenas uma pessoa conseguiu sobreviver após a parede da moradia cair, no bairro de Areal, um dos mais atingidos pela chuva
14 morrem em uma casa após desabamento
DO ENVIADO ESPECIAL
O farmacêutico José Paulo
Gonçalves, 45, perdeu a filha Kelly
Bastos Gonçalves, 15, que morava
com a mãe, Josemeri Bastos, que
também morreu. Ele disse que, na
hora da chuva, havia 15 pessoas
na casa, localizada no bairro de
Areal; 14 morreram soterradas.
"Morreram várias gerações.
Mãe, tio, tia, sobrinho, sobrinha e
até mesmo amigos que estavam
na casa", disse ele, que reconheceu o corpo da filha no IML.
Luiz Carlos Moreira Bastos conta que foi o único a sobreviver. Ele
dormia com a mãe, Neide da Silva
Bastos, 56, em um quarto. Ele diz
ter ouvido um barulho muito
grande por volta das 4h. Conseguiu se proteger em uma laje, de
onde viu a parede da casa cair.
Já Cláudia Fernando Domingos,
23, funcionária da Usina Angra 1,
se mudou com o marido e os dois
filhos para o bairro no sábado. A
família só viveu dois dias na nova
casa, totalmente destruída de madrugada. Cláudia morreu ao lado
dos filhos Emerson, 3, e Natan, 4,
e do marido, Lenílson, 42, que
cantava em bares de Angra dos
Reis e em cidades vizinhas.
"Fui lá em Areal às 10h30 e descobri que a casa de minha filha tinha sido levada pela chuva", disse
a dona-de-casa Marlene Fernando, 46, mãe de Cláudia. Os corpos
foram localizados de manhã.
A garçonete Cristiane Aguilar
Ferreira estava em casa, no mesmo bairro, e conseguiu sobreviver. Ela diz que, após ouvir um
barulho muito forte, abriu a porta
de casa. Com isso, a água entrou.
"Saí de casa e fiquei em cima do
entulho com meu irmão, cunhada
e dois sobrinhos. Minha mãe estava sendo soterrada. Perdi tudo,
mas fui salva pelos vizinhos. Graça a Deus minha mãe também
conseguiu se salvar", declarou.
O drama vivido pelas famílias
do bairro sensibilizou o capitão
reformado da Marinha Marco
Braga, 57, que saiu de casa às 3h
para ajudar no socorro às vítimas.
Ele disse que, durante os trabalhos de resgate, localizou, em diferentes pontos, três mães abraçadas a filhos, todos mortos.
"Uma das mães estava dentro
do berço. Elas morreram tentando proteger os filhos, numa prova
da força do instinto materno",
disse o militar, que mora em
Areal, mas não teve a casa afetada.
O marinheiro Reginaldo Jackson, 25, disse ter conseguido salvar mãe e filha. "Estava em casa e
ouvi as duas gritando. Corri e as
encontrei quase soterradas por
terra e lama. Com a ajuda de amigos, consegui salvá-las."
Prejuízos materiais também foram grandes na cidade. O motorista Henrique da Silva Machado,
26, teve a casa invadida pela água.
"Graças a Deus não perdi a vida
nem a minha família", disse ele,
que mora no bairro de Belém, um
dos mais afetados pelas chuvas.
(MARIO HUGO MONKEN)
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