São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 1998.



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RELATOS
Tia dividia sobrinha com amantes

da Reportagem Local

O diagnóstico e a história da menina Carla intrigaram os médicos do setor de Ginecologia Infanto-Puberal do Hospital das Clínicas. Ela tinha 6 anos, apresentava um quadro adiantado de sífilis e vivia em uma família onde não tinha contato com homens.
"Ela tinha pego sífilis com uma tia", relata o médico Carlos Diêgoli. Nas entrevistas, a menina contou que era levada para a cama por uma tia que tinha vários amantes, homens e mulheres. "Durante a noite, a tia a obrigava a tirar a calcinha e ficava se esfregando em seu corpo."
Diêgoli diz que o mesmo serviço do HC registra casos de crianças com gonorréia e outras doenças sexuais transmitidas na relação com mulheres.
O SOS Criança -um serviço de triagem de menores carentes- acompanhou o caso de uma avó acusada de abuso sexual contra três netos menores de 12 anos, dois meninos e uma menina. A avó obrigava as crianças a manter relações entre elas e a fazer sexo oral com ela.
Segundo os profissionais que acompanharam o caso, as crianças tiveram grande dificuldade de adaptação nas casas de abrigo para onde foram levadas. Os abusos sofridos fizeram com que perdessem todas as referências no relacionamento com outras crianças. De vítimas, passavam a agressoras.
O Centro de Referência da Criança e do Adolescente (Cerca), da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo, registra o caso de um pai e uma avó que abusavam juntos de uma criança. Em outra ocorrência, uma mãe se aproveitava das saídas do marido para levar para a cama a filha de 9 anos, que dividia com uma amante.
A Delegacia da Mulher investigou o caso de uma mãe que levava a filha de 11 anos para a cama do companheiro. "A mulher não praticava o abuso, mas recebeu uma condenação maior que a do homem que abusava da criança", diz a delegada Maria Inês Valente.
A delegada Teresinha de Carvalho, da Delegacia da Mulher de Campinas, conta o caso de uma mulher que dormia no galinheiro enquanto a filha ficava na cama com o pai. A mãe também foi condenada porque permitia o abuso.
Um caso de violência grave foi acompanhado pelo SOS Criança. Uma mãe foi presa por abusar de uma filha de 4 anos com um cabo de vassoura depois de ter assistido a um filme erótico.
Na terça-feira (23/12), o pronto-socorro do Hospital das Clínicas internou a menina Joice, 12, com infecções sérias no útero. Segundo o médico Carlos Diêgoli, a menina contou ter sido abusada sexualmente várias vezes por homens e mulheres. Joice vivia em ruas próximas à Estação da Luz depois que os pais morreram.
(AB)


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