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'Importante é separar abuso de incesto'
da Reportagem Local
A cena é comum nas famílias:
durante o banho dos pequenos, é a
mão zelosa da mãe ou da babá que
manuseia o pênis dos meninos e
ensaboa a vulva das meninas.
Especialistas afirmam que esse
contato físico propicia prazer para
as duas partes. O que se questiona
é onde termina o carinho e onde
começam as carícias e o abuso.
"É importante saber onde o prazeroso e saudável passa a ser pecado e vira prejudicial", diz o psicanalista Mauro Madureira.
Trinta anos atrás, determinava-se que certas coisas eram feias e
não deviam ser praticadas. Hoje,
diz Madureira, "as pessoas se perguntam até quanto e de que forma
elas são benéficas".
A psicóloga Irene Pires Antonio,
do Centro de Referência da Criança (Cerca) da OAB, chama a atenção para a necessidade de olhos
adultos estarem atentos ao que
acontece com as crianças.
"Muitas vezes ela não percebe
que está sendo abusada", afirma.
No caso do abuso feminino, essa
percepção seria ainda mais difícil,
porque as carícias entre mãe e filhos são mais comuns e socialmente aceitas.
A socióloga Heleieth Saffioti diz
que é necessário separar abuso sexual de incesto. "O incesto é qualquer tipo de contato sexual entre
parentes do mesmo sangue e afins,
desde que sejam adultos e a relação
não seja atravessada pelo poder."
Nesse caso, eles apenas infringem
uma uma norma social.
Já o sexo com crianças é um abuso, porque ela não tem capacidade
de consentir.
Abusos praticados por homens
ou por mulheres provocam os
mesmos danos psíquicos às crianças, acreditam os especialistas. Da
mesma forma, nos dois casos, a
criança tem dificuldade em se sentir vítima, achando que também
participa da relação. "Quando a
criança se dá conta, já se sente como co-partícipe de uma relação e
não mais como vítima."
Heleieth diz que muitas vezes o
abuso é praticado com requintes
pelo agressor. "Os mais hábeis fazem dilatação anal com o dedo
usando pomadas durante semanas, depois passam à penetração
anal por período de meses. Só depois é que materializam uma relação vaginal. O período que vai das
carícias à penetração pode durar
anos."
(AB)
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