DA FOLHA CAMPINAS

Policiais militares e do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) cercaram ontem o Cemitério da Saudade, em Campinas, onde foram realizados o velório e o enterro da dona-de-casa Rosana Rangel Melotti.
A cerimônia foi acompanhada por aproximadamente 150 pessoas -a maioria da comunidade cigana-, sob clima de tensão, revolta e medo.
De acordo com informações da Polícia Civil de Campinas, os sequestradores ligaram ontem para a família para falar que não queriam a realização do cortejo.
O marido da vítima, Pierro Melotti, também estaria sob ameaça de morte, segundo informaram policiais e familiares.
Nenhum incidente foi registrado durante a cerimônia.
"É muito revoltante. Essa quadrilha está tomando conta da cidade e o poder público não toma nenhuma atitude", disse um parente da vítima, que não quis ser identificado.

Praga
Os parentes e amigos de Rosana evitaram falar sobre a morte dela e, temendo ações da quadrilha, não quiseram ser fotografados.
"Isso não vai ficar assim. Praga de cigano pega por quatro gerações e eles [sequestradores] vão pagar por isso. Eles mexeram com um cigano. Ela [Rosana] era cigana e eles não sabem o que pode acontecer com eles", afirmou uma mulher que acompanhou o velório ontem.
Nem o marido nem os dois filhos da vítima -um rapaz e uma garota que não tiveram as idades divulgadas- quiseram falar sobre a ação ousada da quadrilha de sequestradores.
A filha estava muito abalada e chorava bastante, gritando que a mãe havia morrido.
Parentes e amigos não forneceram nenhum tipo de informação sobre a morte e a família da vítima. Na presença de jornalistas, eles falavam em dialeto próprio dos ciganos.
Os policiais do Garra, que estavam armados e com dois carros, acompanharam o cortejo até o final do enterro. Enquanto isso, outros dois carros faziam a segurança no lado externo do cemitério.


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