São Paulo, sábado, 11 de janeiro de 2003

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EDUCAÇÃO

Grupo de trabalhadores, identificado pela própria equipe de Cristovam Buarque, é de empresas terceirizadas

Ministério tem 15 funcionários analfabetos

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

No mesmo prédio de onde despacha o ministro da Educação, Cristovam Buarque, que divulgou a meta de erradicar o analfabetismo, trabalham 15 funcionários que não sabem ler nem escrever.
Essas pessoas foram identificadas pelo próprio ministério depois que o ministro, em sua posse, afirmou que, se fosse preciso, ele mesmo alfabetizaria eventuais analfabetos que trabalhassem no Ministério da Educação.
Os 15 analfabetos trabalham em empresas terceirizadas que prestam serviços ao ministério. "Se há 15 analfabetos no MEC, deve haver uns 600 em toda a esplanada dos ministérios", disse o ministro.
Apesar do ceticismo de alguns especialistas em alfabetização, que consideram quase inatingível a meta de erradicar o analfabetismo em quatro anos, o ministro disse acreditar que conseguirá cumprir a promessa formulada durante a campanha eleitoral.

Meta de 3% a 5%
Para Buarque, no entanto, o país terá erradicado o analfabetismo, como consta no programa de governo do PT, se chegar ao final do mandato de Lula com 3% a 5% de taxa de analfabetismo na população com mais de 15 anos.
Hoje, a taxa de analfabetismo no país, segundo o Censo 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é de 13,6% da população com mais de 15 anos. Essa taxa representa 16,3 milhões de pessoas.
Para chegar a 3% ou 5%, será preciso alfabetizar entre 7 milhões e 11 milhões de pessoas nos próximos quatro anos.
"Definimos uma meta apertada, mas é assim que tem que ser. É preciso ter uma meta. Ela é difícil, mas não absurda", afirmou o ministro à Folha.

Plano para o Rio
O secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio, Fernando Peregrino, e o presidente da Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro), Cláudio Mendonça, apresentaram ao ministro um programa para erradicar o analfabetismo no Estado em 36 meses.
Pela proposta, o projeto contaria com recursos estaduais e federais e empregaria universitários, que receberiam uma ajuda de custo de R$ 100.
Os alunos do curso de alfabetização, após concluírem o curso, receberiam R$ 100 e poderiam se matricular em um curso técnico ou de informática, com o objetivo de dar continuidade ao processo de aprendizagem.


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