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CURRÍCULO ESCOLAR
Lula sanciona projeto; índios querem o mesmo tratamento
Lei obriga ensino de cultura afro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva sancionou lei que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental
e médio, oficial e particular.
Segundo a lei, os currículos deverão contemplar o estudo da história da África e dos africanos, a
luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na
formação da sociedade nacional,
"resgatando a contribuição do
povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à
história do Brasil".
A lei determina que o assunto
seja ministrado em todo o currículo escolar, em especial nas áreas
de educação artística, literatura e
história. Por fim, a lei diz que o calendário escolar incluirá o dia 20
de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra.
Lula vetou artigo da lei segundo
o qual as disciplinas história do
Brasil e educação artística deveriam dedicar pelo menos 10% do
seu conteúdo programático à temática negra.
Esse artigo foi considerado inconstitucional por não observar
os valores sociais e culturais das
diversas regiões do país.
Também foi vetado artigo que
determinava que os cursos de capacitação de professores contassem com a participação de entidades do movimento afro-brasileiro, de universidades e de outras
instituições de pesquisa pertinente à matéria.
Esse artigo foi considerado ilegal por incluir na Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional assunto estranho a essa lei, que em
nenhum dos seus artigos faz menção a cursos de capacitação de
professores.
Segundo o Ministério da Educação, os parâmetros curriculares
nacionais do ensino fundamental
e médio já orientam que a diversidade cultural, étnica e religiosa esteja nos currículos.
Opiniões
O diretor-executivo da ONG
Educafro, que atende estudantes
negros, frei David Santos, diz que
a lei é positiva. "Para nós, da comunidade negra, a aplicação da
lei já é um grande passo."
Ele criticou, no entanto, os vetos
de Lula. "A lei diz que vai ter de fazer, mas não estabelece quanto."
O assessor de educação do Conselho dos Professores Indígenas
da Amazônia, Benjamin de Jesus
Andrade de Oliveira, reclamou da
falta de inclusão da cultura indígena na legislação. "Nós temos
pedido a introdução de disciplinas para os alunos conhecerem a
realidade indígena no país."
O coordenador da União das
Nações Indígenas do Acre e Sul
do Amazonas, Francisco Avelino
Batista, também lamentou. "É
uma pena para nós, pois temos
trabalhado para o Brasil conhecer
mais sua própria história."
Regina Estima, pedagoga e pesquisadora do Centro de Estudos e
Pesquisas em Educação, Cultura e
Ação Comunitária, ONG que trabalha com ensino público, diz que
a idéia é boa e não há prejuízo de
outras disciplinas, justamente
porque não se estabelece um mínimo de aulas para o assunto.
Porém, ela adverte que é preciso
cuidado com a formação de professores. "Há pouco repertório
acumulado."
A psicopedagoga da Secretaria
da Educação da cidade de São
Paulo Marilandia Frazão diz que a
prefeitura está pronta para aplicar
a lei. Em fevereiro, vai lançar 38 livros, com tiragem de 20 mil
exemplares, sobre a cultura negra.
As obras, programadas antes da
edição da lei, vão de histórias infanto-juvenis até livros de formação de docentes.
Também está em produção um
vídeo sobre cultura negra, que deve ser lançado até maio.
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